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 | 28/07/2006 16h26min

Sperinde diz que Tel-Aviv é mais segura do que Porto Alegre

Gaúcho que integra exército israelense participou de bate-papo no clicRBS

O gaúcho Cezar Sperinde, de 24 anos, trancou o curso de Jornalismo no Rio Grande do Sul e mora há mais de um ano em Tel-Aviv, em Israel. Desde o final de abril, o porto-alegrense integra o exército israelense e pode ser enviado ao campo de batalha, no Líbano, a qualquer momento, já que terminou um treinamento de três meses em uma base militar do país.

Sperinde acompanha de perto a guerra entre Israel e o Hezbollah. Mesmo assim, o gaúcho considera Tel-Aviv mais segura do que Porto Alegre.

– Não tem assalto, assassinatos, seqüestros ou coisas do gênero (em Tel-Aviv) – disse o soldado.

Cezar Sperinde participou de um bate-papo com internautas do clicRBS, hoje. O chat foi moderado por Cláudia Ioschpe e entrevistado pelo jornalista Diego Guichard.

Confira a íntegra.

Pergunta – Você completou um ano morando em Israel no último dia 12 de julho. Quando decidiu ir morar aí? Como aconteceu a escolha?

Cezar Sperinde – Já tinha morado aqui no ano 2000 e resolvi trancar a faculdade de Jornalismo na PUCRS e vir estudar aqui.

Pergunta do Internauta – Em nenhum momento você pensou em voltar para o Brasil?

Cezar Sperinde – Não. Amo morar aqui. Existem momentos difíceis na história de Israel. Tenho que ficar aqui neles também.

Pergunta – Onde você mora onde em Israel? Mora sozinho? Com amigos?

Cezar Sperinde – Moro em Tel-Aviv sozinho.

Pergunta do Internauta – Você é gaúcho de onde? Por que decidiu ir para o Oriente Médio?

Cezar Sperinde – Sou de Porto Alegre, vim morar aqui porque sou judeu.

Pergunta – Você trabalhava antes de ir para o exército? Atuou como fotógrafo?

Cezar Sperinde – Estava estudando hebraico, agora talvez eu vire fotógrafo do exército.

Pergunta – Como acabou entrando para o exército israelense? Por quê?

Cezar Sperinde – Porque sou israelense também. Aqui o serviço é obrigatório.

Pergunta – Onde você está nesse momento? É seguro aí?

Cezar Sperinde – Em casa em Tel-Aviv. É mais seguro do que em Porto Alegre.

Pergunta – Por que é mais seguro morar em Tel-Aviv do que em Porto Alegre?

Cezar Sperinde – Porque não tem assalto, assassinatos, seqüestros ou coisas do gênero.

Pergunta – Quando você voltará para a base militar? Onde ela fica?

Cezar Sperinde – Volto no domingo. Não posso dizer onde a base fica.

Pergunta – Você já foi para o campo de guerra? Já atirou em alguém?

Cezar Sperinde – Não fui pro campo. Estou na área em que o Hezbollah está nos bombardeando. Terminei essa semana o treinamento básico de três meses. Não atirei em ninguém e não pretendo atirar.

Pergunta – Que tipo de treinamento você recebeu no exército?

Cezar Sperinde – Treinamento básico, armas químicas, atirar de M-16 etc.

Pergunta – Armas químicas? Como assim? O exército israelense vai utilizar esses armamentos?

Cezar Sperinde – Óbvio que não.

Pergunta – Como é o dia-a-dia na base israelense?

Cezar Sperinde – É bem puxado o dia-a-dia. É exército! Acordo 5h e vou dormir pelas 23h.

Pergunta – Qual a orientação que os soldados das tropas israelenses recebem dos comandantes? Vocês devem matar os soldados do Hezbollah? Têm que ter cuidado com os civis? Como funciona isso?

Cezar Sperinde – O exército de Israel é o mais preocupado do mundo em não atingir alvos civis. Temos um serviço de informação muito bom. Por isso sabemos onde os núcleos do Hezbollah se encontram. Às vezes ocorrem erros, mas os nossos alvos são o Hezbollah.

Pergunta – Não tem medo de morrer no conflito? Já teve alguma situação em que ficou com medo de morrer?

Cezar Sperinde – Claro que tenho medo, mas fazer o que? Teve um bombardeio do Hezbollah semana passada e eu estava em guarda na base. Tive que ficar 40 minutos no chão só escutando os mísseis caindo ao meu redor.

Pergunta – Como está a sua relação com a família? Consegue falar com eles da base do exército?

Cezar Sperinde – Falo quando dá.

Pergunta – Os teus pais não estão desesperados por causa da sua segurança?

Cezar Sperinde – Estão preocupados, mas aí no Brasil também é muito perigoso, não?

Pergunta do Internauta – Além dos teus ideais judaicos, existe mais alguma coisa que te motive a estar aí?

Cezar Sperinde – Amo morar aqui. É um país lindo, desenvolvido etc.

Pergunta do Internauta – Você tem amigos árabes? Se sim, como eles estão encarando essa ofensiva de Israel sobre o Líbano?

Cezar Sperinde – Não tenho amigos árabes. Mas tenho certeza que os árabes que querem paz estão de acordo, e a ofensiva é contra o Hezbollah e não contra o Líbano.

Pergunta do Internauta – Mas estão morrendo muitos civis no Líbano, assim como morrem civis nos ataques do Hezbollah. Essa postura de devolver os ataques terroristas na mesma moeda não pode levar a uma violência cada vez maior em vez de parar com isso de vez?

Cezar Sperinde – Também concordo em parar com isso de uma vez, mas o que esta acontecendo não são ataques terroristas. Estamos em guerra.

Pergunta – Você terminou um período de treinamento. Quando irá para o front?

Cezar Sperinde – Depende. Eu não sei. Quando me mandarem.

Pergunta – Essa expectativa de ser enviado para o campo de batalha te deixa nervoso? Apreensivo?

Cezar Sperinde – Nervoso sim, mas ao mesmo tempo excitado.

Pergunta do Internauta – Você acompanha as notícias que estão sendo publicadas no Brasil sobre o conflito? Acha que são realistas?

Cezar Sperinde – Não tenho. Mas com certeza não devem ser.

Pergunta – Você tem expectativa para a data em que esse conflito se encerrará?

Cezar Sperinde – sim. Tomara que termine agora mesmo!

Pergunta – Que ensinamento você tirou para si, com essa experiência de vida?

Cezar Sperinde – Ainda não consegui assimilar bens os fatos, essa experiência ainda não terminou.

DIEGO GUICHARD E CLÁUDIA IOSCHPE
 

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