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 | 08/06/2006 21h31min

Marcola diz que ligações de presídio desencadearam ataques

Depoimento confirmou que PCC controla penitenciárias de São Paulo

O preso Marcos Camacho, o Marcola, afirmou hoje, em depoimento à CPI do Tráfico das Armas, que a onda de violência que atingiu São Paulo em maio foi desencadeada por meio de ligações dos detentos para criminosos espalhados pela cidade. Segundo o site Globo Online, Marcola negou que os ataques tiveram planejamento.

O depoimento de Marcola, que foi ouvido algemado durante quatro horas seguidas, comprovou que a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) controla presídios de São Paulo. A afirmação é do relator da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que, acompanhado de outros sete integrantes da CPI, ouviu o detento. no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo.

Paulo Pimenta explicou que o depoimento foi importante, pois mostrou como o PCC assumiu o controle dentro dos presídios e montou um arsenal capaz de fazer frente ao das forças policiais. Ele lembrou que o PCC é a organização criminosa que adquire o maior volume de armas e munições ilegais no País.

Segundo Pimenta, o líder do PCC confirmou que houve acordo com autoridades para terminar com as rebeliões e ataques. Pimenta informa que houve intermediação para que líderes dos motins fossem informados sobre a garantia de segurança à Marcola. Segundo Pimenta, Marcola afirmou que não realizou os contatos por telefone. Outro preso teria feito as ligações para ordenar o fim dos ataques.

No depoimento, Marcola voltou a negar o envolvimento com a onda de violência que atingiu São Paulo entre os dias 12 e 19 de maio. Ele também negou ter recebido de seus advogados a gravação de uma reunião reservada da CPI na qual se discutiam as estratégias do governo paulista para o combate ao crime. Apesar das declarações de Marcola, o relator Paulo Pimenta disse estar convicto do papel de advogados como pombos-correios do PCC.

– Não detalhamos especificamente a questão daqueles advogados. Mas saímos com a convicção de que existem, sim, advogados cumprindo um papel de interligação de informações dentro do sistema. Portanto, eles servem às organizações criminosas não como seus representantes, mas como integrantes desse sistema – afirmou.

Para o sub-relator da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), não há mais dúvidas sobre a liderança de Marcola dentro do PCC nem sobre o envolvimento da organização criminosa com os atentados que deixaram mais de 100 mortos em São Paulo.

– Reunimos uma série de indícios que comprovam que ele é, sim, o líder inconteste do PCC e que o PCC tem a responsabilidade por tudo aquilo que aconteceu em São Paulo – afirmou Jungmann.

Ele disse ainda que o depoimento de Marcola gerou um conjunto de subsídios fundamentais para o combate ao tráfico de armas. Nenhum deputado, no entanto, revelou detalhes para não prejudicar o andamento das investigações da CPI.

Os parlamentares viajaram até o presídio de Presidente Bernardes sob proteção da Polícia Federal. Acompanharam o depoimento, o presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), e os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), João Campos (PSDB-GO), Luiz Couto (PT-PB), Neucimar Fraga (PL-ES) e Pompeo de Mattos (PDT-RS).

AGÊNCIA CÂMARA
 

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