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 | 12/05/2006 12h53min

UE teme que tensão Uruguai-Argentina gere crise no Mercosul

Países entraram em disputa por duas fábricas de celulose

O alto representante para Política Externa da União Européia, Javier Solana, expressou hoje o temor de que a tensão entre Uruguai e Argentina pela disputa sobre as fábricas de celulose "ponha em crise" o Mercosul, um "exemplo" de integração que a UE considera quase que "um prolongamento" de si mesma.

Solana se reuniu com o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, e deve reunir-se também com o da Argentina, Néstor Kirchner, durante a quarta cúpula de governantes da UE, América Latina e Caribe, em Viena.

– Na medida em que possamos ajudar para que essa tensão entre Argentina e Uruguai se resolva, o faremos. Faremos todo o possível para que se encontre uma fórmula viável, mas infelizmente, por enquanto, a tensão continua – disse o chefe da diplomacia européia em entrevista coletiva.

Solana acrescentou que o Mercosul, que reúne Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, "foi para nós um instrumento fundamental da relação entre a comunidade latino-americana e a UE" e "qualquer problema que vejamos nele nos preocupa e nos enche de tristeza".

Segundo o alto representante europeu, as "dificuldades sérias" que o Mercosul enfrenta têm a ver, por um lado, com a disputa entre Argentina e Uruguai por causa da instalação de fábricas de celulose na cidade uruguaia de Frei Bentos, sobre o rio Uruguai. A Argentina denunciou o caso à Corte Internacional de Justiça de Haia.

Um segundo fator de desestabilização foi a decisão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de abandonar a Comunidade Andina e aderir ao Mercosul. Por outro lado, Solana expressou inquietação pela "maneira como se está levando" o conflito argentino-uruguaio, "talvez não de acordo com as normas que o próprio Mercosul tinha".

– Preocupa-nos que não sejam cumpridas aquelas normas que eram fundamentais no Mercosul, porque o grupo é uma comunidade de direito também – disse.

Solana espera que da cúpula euro-latino-americana de Viena saia "uma declaração pelo menos de impulso ao Mercosul", já que no campo econômico e comercial o desbloqueio do acordo negociado pela UE e o bloco sul-americano continua ligado ao que for decidido na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em relação a sua reunião com o presidente do Uruguai, Solana disse que os dois mantiveram "uma boa conversa" na qual não falaram apenas do conflito das fábricas de celulose.

– Repito que, para nós, o Mercosul é um prolongamento da UE. Eu gostaria de ter uma relação muito grande e muito sólida com Mercosul – disse.

O bloco é um "exemplo de um conceito de união que pode ser exportado para outras áreas do mundo". Por tudo isso, "qualquer decisão judicial que possa gerar lá uma marcha à ré, provocaria um sentimento de tristeza em nós", concluiu Solana. 
 

AGÊNCIA EFE
 

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