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 | 27/01/2006 16h53min

FSM mostra diferenças entre a esquerda latino-americana

Esquerdistas divergem sobre como ajudar os pobres da região

As diferenças entre os esquerdistas latino-americanos têm transparecido nos eventos do 6º Fórum Social Mundial (FSM). O evento realizado em Caracas tem mostrado que na região há diversas opiniões sobre como ajudar os pobres e encarar os aspectos negativos da globalização.

Alguns dos ativistas se dizem de acordo com o presidente venezuelano Hugo Chávez. Para ele, a América Latina precisa de uma mudança radical para longe do capitalismo. Outros participantes argumentam que se deve aproveitar o livre mercado, como fez o Chile, para convertê-lo em uma ferramenta de ajuda a milhões de pobres. Nos dois países, os líderes de esquerda têm chegado ao poder, o que deixa em evidência da busca de uma alternativa aos partidos tradicionais, cujos dirigentes, em sua maioria, são vistos como corruptos e insensíveis à penúria de seus povos.

O auge da esquerda, no entanto, é visto por muitos como muito longe de ser um sinal de que os eleitores da região estão dispostos a seguir essa tendência e muito menos de que exista uma postura monolítica entre a esquerda latino-americana.

As vitórias de Evo Morales na Bolívia, Tabaré Vasquez no Uruguai e Hugo Chávez na Venezuela respondem a particularidades históricas e realidades diferentes, acreditam os analistas.

– Na América Latina está ocorrendo uma discussão sobre o que é ser de esquerda, e não há consenso em relação a isso, talvez em alguns pontos como a luta contra o neoliberalismo. Um ponto que de alguma maneira participam todos aqueles que buscam uma mudança social progressista, inclusive de maior aprofundamento da democracia – afirmou a ativista e historiadora venezuelana Margarita López Maya.

Segundo ela, atualmente são poucos os líderes esquerdistas na América Latina que se identificam com “aquela esquerda radical que, nas décadas de 60 e 70, alinhou-se com a União Soviética, sonhou em monopolizar os meios de produção e dominar a política com um partido único”. A eleição de esquerdistas moderado como Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil e de Ricardo Lagos e sua sucessora Michelle Bachelet no Chile responderiam a situações diferentes, a “graus de consciência política diferentes”, disse Margarita.

– A esquerda de Chávez é uma coisa muito diferente da esquerda de Evo Morales – afirmou.

Enquanto Morales chegou ao poder apoiado por movimentos indígenas, produtores rurais e ecologistas, Chávez foi respaldado por uma aliança eleitora que, para a historiadora, “hoje em dia é mais uma aliança militar”.

– Ainda que não pareça, ao ouvir o que dizem os militares venezuelanos, isso é esquerda – explica a ativista.

Chávez empregou militares em vários níveis, desde a empresa estatal de petróleo até a agência de arrecadação de impostos. A economia venezuelana, por sua vez, está virtualmente sob o controle total do governo, que desde 2003 amplia seu esquema de controle de preços, de câmbio e de salários, entre outros.

AGÊNCIA AP
 

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