Hillary Clinton tenta se recuperar nesta quarta-feira da derrota sofrida em Virgínia, Maryland e Columbia, onde seu rival pela candidatura presidencial do Partido Democrata, Barack Obama, não apenas venceu amplamente como também atraiu eleitores até então fiéis à senadora nova-iorquina. A capacidade do parlamentar de Illinois de penetrar nas fortificações mais seguras da ex-primeira-dama pode fazer com que ele avance em Estados cruciais, como Texas e Ohio, os quais Hillary precisa assegurar para continuar na disputa pela Casa Branca.

Ontem, o senador obteve a maioria entre os latinos da Virgínia, assim como entre as mulheres e os moradores de baixa renda desse Estado e do vizinho Maryland, onde também conseguiu bons resultados entre os hispânicos. Todos esses grupos eram até então aliados incondicionais de Hillary, que conta com seu apoio para ganhar em Texas e Ohio em 4 de março. Obama, que quer se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, manteve ainda sua força entre os afro-americanos, ao conseguir o voto de nove em cada 10 desses eleitores, segundo pesquisas de boca-de-urna publicadas hoje.

— Obama demonstrou sua habilidade para penetrar as fortificações mais seguras de Hillary e vai ser muito difícil para ela reverter essa tendência — disse Ronald Stockton, professor de Ciências Políticas da Universidade de Michigan, que acredita que, para impedir que isso aconteça, Hillary precisará obter ótimos resultados em Ohio e Texas, assim como na Pensilvânia, que realizará primárias em 22 de abril.

Últimas chances

Hillary parte como favorita no Texas, graças a sua suposta vantagem entre os hispânicos, que representam 21% do eleitorado. Esse Estado, Ohio e Pensilvânia fornecerão mais de 500 delegados dos 2.025 necessários para conseguir a candidatura. Segundo apuração da CNN, Obama tem 1.215 delegados e Hillary 1,19 mil. Os resultados de ontem indicam que Obama pode ganhar terreno da senadora com os eleitores latinos e de menor poder aquisitivo. Na Virgínia, por exemplo, conseguiu uma vantagem de 26 pontos percentuais entre os que ganham menos de US$ 50 mil ao ano e, em Maryland, de 24 pontos.

A campanha de Hillary minimizou hoje a derrota e insistiu em que o resultado de ontem com os latinos não aponta uma tendência geral. Fabiola Rodríguez, diretora de comunicação para o mercado hispânico de sua campanha, lembrou que o percentual de hispânicos nas primárias de terça-feira é de somente 3%, por isso, seria prematuro afirmar que está havendo uma mudança de tendência. Apesar disso, assim como outros analistas, ela destacou a importância do Texas, de onde Hillary proferiu seu discurso e onde a senadora passará hoje o dia tentado assegurar votos.

Lado republicano

A turbulência no lado democrata contrasta visivelmente com a calma aparente no republicano, onde o senador John McCain é considerado o candidato certo, principalmente depois da vitória de ontem. Seu triunfo, de qualquer modo, foi ofuscado pela disputa acirrada na Virgínia, onde seu rival, o ex-governador de Arkansas Mike Huckabee, obteve bons resultados.

A grande comunidade de cristãos evangélicos nesse Estado se encantou com Huckabee, um ex-pastor batista que conseguiu captar o voto da direita religiosa. Mas, a menos que ocorra um milagre, nos quais Huckabee diz acreditar, a candidatura de McCain está garantida.

EFE