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 | 11/01/2005 12h35min

Advogado compara abusos no Iraque a show de cheerleaders

Agente penitenciário pode pegar 17,5 anos de prisão por maus tratos

O advogado de Charles Graner, acusado de liderar os abusos contra prisioneiros no Iraque, comparou nesta segunda, 10, a prática de amontoar prisioneiros aos shows de torcidas organizadas e disse que acorrentar detentos é uma forma aceitável de controle.

Nos eventos esportivos norte-americanos, é comum que jovens conhecidas como cheerleaders animem a platéia com evoluções e acrobacias.

– As cheerleaders de toda a América não formam pirâmides seis a oito vezes por ano? Isso é tortura? – afirmou Guy Womack, advogado de Graner, nos seus argumentos iniciais diante do júri militar de 10 membros da corte marcial.

O reservista Graner e a soldado Lynndie England, com quem ele teve um filho e que também está sendo julgada na corte marcial, apareciam em fotos tiradas na prisão de Abu Ghraib, nos arredores de Bagdá, sorrindo e humilhando presos nus. A promotoria apresentou novos vídeos e fotos da prisão, algumas bastante chocantes. Em uma das imagens, um grupo de presos era obrigado a se masturbar.

Womack também disse que amarrar os presos é uma forma válida de controlá-los. O depoimento mais dramático da segunda-feira partiu do soldado Ivan Frederick, condenado a oito anos de prisão no ano passado por causa do escândalo. Ele falou sobre os episódios mostrados nas fotos que chocaram o mundo depois da sua divulgação, em 2004, e abalaram a imagem dos Estados Unidos. Depois da exibição de um vídeo mal-iluminado e inédito, em que prisioneiros nus e amarrados se masturbam, Frederick disse que Graner e England fizeram piada com o incidente.

– Ele (Graner) disse algo sobre o fato de que era um presente de aniversário para ela – contou Frederick, que assim como Graner, é agente prisional na sua vida civil.

Frederick também afirmou que o colega batia em prisioneiros antes de empilhá-los – em uma das ocasiões, a vítima ficou inconsciente. O soldado Jeremy Sivits, que cumpre um ano de prisão por sua participação nos abusos, citou o mesmo incidente.

– Eu disse ao cabo Graner: "Acho que o senhor o pôs a nocaute" – disse Sivits, que se declarou culpado na corte marcial em 2004.

Além de defender a legalidade dos métodos, a defesa de Graner argumenta que ele estava cumprindo ordens.

– Ele estava fazendo seu trabalho. Cumprindo ordens e sendo elogiado por isso – disse Womack, prometendo que Graner vai depor sobre o caso.

O promotor-chefe, major Michael Holley, duvidou do argumento do advogado. Womack tentou provar que agentes civis de inteligência e outros funcionários queriam que os guardas maltratassem os prisioneiros para obter informações. O governo Bush atribui os abusos a um pequeno grupo e diz que os incidentes não são parte de uma política oficial nem são práticas aceitas pelos altos oficiais.

Mas investigações mostram que muitos presos no Iraque, no Afeganistão e na base naval norte-americana de Guantánamo, encravada em Cuba, sofreram tratamento abusivo depois que o governo considerou formas de obter informações na sua "guerra ao terrorismo".

Graner, 36, pode ser condenado a até 17 anos e meio de prisão por acusações de maus tratos a prisioneiros e lesão corporal. Ele se diz inocente. O julgamento deve durar pelo menos uma semana.

As informações são da agência Reuters.

 
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