O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore acusou nesta quinta, dia 5, o presidente George W. Bush de abusar da confiança dos cidadãos e manipular o medo das pessoas para levar o país à guerra no Iraque. Gore, que foi derrotado por Bush nas confusas eleições de 2000, disse que ele, como a maioria dos norte-americanos, apoiou o presidente depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, confiando nas acusações da Casa Branca, segundo as quais o Iraque estava ligado à Al-Qaeda e tinha armas de destruição em massa.

Mas, de acordo com Gore, a guerra no Iraque foi travada sob "pretextos patentemente falsos".

– O medo foi ativado em todos nós no 11 de setembro. E ele foi explorado para uma série de propósitos que não têm relação com a causa inicial do medo – disse ele em conferência na New School University.

Gore disse que o governo Bush não teve escrúpulos em usar o medo do terrorismo como um meio para "abrir brechas nas proteções básicas da Constituição, para criar um tipo de prisão permanente e para tornar possível que cidadãos norte-americanos sejam presos sem o processo devido".

Nas relações internacionais, Gore acha que "o governo trocou o respeito pelos EUA em favor do medo". Para ele, o debate democrático normal foi calado por causa do 11 de setembro.

– Em um momento de grande vulnerabilidade depositamos nossa confiança no presidente Bush. Eu tinha preparado uma mensagem, mas depois da tragédia, eu disse: "George W. Bush é o meu presidente, eu vou segui-lo neste tempo de crise" – afirmou Gore, lembrando seu discurso na convenção democrática de Iowa no final de 2001.

– Eu fui um dos milhões que pediu a ele que nos guiasse bem e sabiamente, e ele abusou da confiança das pessoas explorando os medos do povo norte-americano a fim de colocar esta nação em uma aventura que havia sido pré-ordenada antes que o 11 de Setembro acontecesse – acrescentou Gore.

As informações são da agência Reuters.