A turma de Belo Horizonte é mais civilizada que a de Porto Alegre. Ainda que o Cruzeiro esteja decidindo seu futuro no Brasileirão, às 21h50min de hoje contra o Grêmio, no Mineirão, a delegação gaúcha não foi perturbada pelos adversários. Ao contrário do tradicional foguetório na madrugada porto-alegrense, para acordar os jogadores que enfrentarão a dupla Gre-Nal no dia seguinte, os gremistas dormiram com os anjos. Barulho zero. 

— Olha a cara boa, olha — disse Rafael Carioca nesta manhã, brincando com a noite bem dormida.

Apesar da decisão, o clima entre os gremistas é de extrema tranqüilidade. Quase zen. Talvez pela certeza que nem mesmo uma derrota esta noite no Mineirão possa tirar a equipe da liderança do Campeonato Brasileiro. O sentimento entre jogadores e comissão técnica é de que a equipe merece o título. Afinal, o clube liderou o Brasileirão em 17 rodadas, com o futebol mais objetivo do campeonato até agora. Assim, um empate em Minas é considerado um bom resultado.

— Não perder para o Cruzeiro significará que poderemos encaminhar o campeonato, mas ele não estará decidido. Ainda estamos longe disso — adverte Tcheco.

Ao final da manhã, os jogadores receberam o apoio de um pequeno torcedor. Marcos Henrique, oito anos, natural de Passo Fundo, foi levado pelo pai, Marcos Poletto, 32, ao hotel Ouro Minas para conhecer os atletas. Tirou fotos com Tcheco e ganhou autógrafos. Marcos pai é representante comercial e à noite estará no Mineirão com o filho.

— Vamos ganhar de 1 a 0, gol do Tcheco, e seremos campeões — aposta o guri.

Na imprensa local, a pressão sobre o Cruzeiro é grande. O jornal Hoje em Dia chama o jogo de "A batalha do Mineirão". O Lance!, edição de Minas, coloca uma foto do Cruzeiro campeão nacional de 2003 na capa.