| 17/10/2008 03h42min
Há cinco anos na procuradoria-geral do STJD, o advogado paranaense Paulo Schmitt, 42 anos, é apontado pelos gremistas dos gabinetes e das arquibancadas como o grande inimigo do clube no tribunal. Junto com uma equipe de auditores, ele analisa alguns jogos (através de súmulas, vídeos ou mesmo ao vivo nos estádios) do Brasileirão para encaminhar denúncias posteriores. Schmitt conversou por telefone com ZH. Nega perseguição ao Grêmio e diz que torcerá para que o time gaúcho conquiste o Brasileirão.
Zero Hora — O Grêmio alega estar sendo perseguido pela procuradoria e pelo STJD. O que o senhor pensa a respeito?
Schmitt — É exagero. Concordo que a terceira comissão disciplinar (que julgou o trio) é mais rigorosa do que as outras. O Botafogo também teve jogadores punidos (Carlos Alberto, com oito jogos, e Jorge Henrique, com 120 dias). O Chicão (zagueiro do Corinthians) foi suspenso 120 dias nessa comissão. Cabe ao
Grêmio recorrer. Não há nenhuma perseguição.
O Kléber (atacante do Palmeiras) recebeu apenas amarelo por uma cotovelada no Asprilla (zagueiro do Figueirense). Encaminhei denúncia ao tribunal para que ele seja suspenso por agressão. Recorri também da absolvição do Diego Souza (meia do Palmeiras), que foi livrado pelo tapa dado no rosto no Fabrício (volante do Cruzeiro).
ZH — O senhor está contra o Grêmio?
Schmitt — Do fundo do meu coração: não. Até torço para que o Grêmio seja campeão. Está na hora de o Sul voltar a figurar no topo do Brasil. Está na hora de o título sair do eixo Rio-São Paulo. Tenho preferência pelo Atlético-PR (o último sulista campeão nacional, em 2001). Acho que a Série B fará bem ao Atlético-PR, como fez para o Grêmio e está fazendo para o Corinthians. Além disso, não sou o STJD. Não decido nada.
ZH — O senhor assiste a todos os jogos do Brasileirão?
Schmitt — Analisamos lances
específicos, assistimos a alguns jogos, acompanhamos alguns programas e
suas repercussões. Ah, mas isso é injusto? Não. Tem equipes que são mais televisionadas que outras (Grêmio e Inter lideram as compras de pacotes de pay-per-views). Quem é mais visto tá sendo mais televisionado tem quebra de isonomia porque está recebendo mais. Ganha mais direito de imagem, de arena, e de transmissão. É natural cobrar melhor disciplina de quem é mais fiscalizado. Violência precisa ser coibida. Não gostou? Não cometa infração.
ZH — O tribunal pode decidir este Brasileirão?
Paulo Schmitt — (risos) Estão querendo comparar com o Brasileiro de 2005, quando jogos foram anulados devido à confissão de um árbitro corrupto. É incomparável. O Grêmio está em situação cômoda agora: se for campeão, terá sido “apesar do STJD”; se não for, terá sido “por causa do STJD”. A grande reflexão é por que o Grêmio caiu tanto de rendimento no returno? Tinha seis pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Muitos clubes reclamam que o
Grêmio tem sido beneficiado pelas
arbitragens. Discordo. Os dirigentes do Grêmio estão se excedendo. Estão em fase de transição política, e na hora errada, em meio à decisão do título.
ZH — O Pleno do STJD não parece ver com bons olhos as provas de vídeo que o senhor costuma utilizar.
Paulo Schmitt — Estudos demonstram que o árbitro não consegue aplicar de forma correta a regra (no campo disciplinar), mesmo vendo o lance em sua frente. Uma câmera pega muito mais coisas. A Fifa recomenda que provas de áudio e vídeo sejam aceitas. São normas internacionais, não inaugurei isso este ano. Mas imagens geram polêmica, sou a favor do efeito suspensivo nesses casos para deixar a análise para o Pleno.
ZH — O fato de não haver auditor gaúcho nas comissões pode prejudicar a dupla Gre-Nal?
Paulo Schmitt — Também não há sergipanos, maranhenses ou amazonenses. Não é possível atender a todos os Estados.
Teremos um gaúcho na procuradoria, a partir do ano que vem, o advogado
Carlos de Souza Schneider.
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