| 10/10/2008 08h22min
Aproveitando-se da fama e da grandeza coloradas, representantes ou empresários ligados ao Inter tiraram pelo menos seis atletas das categorias de base do Juventude desde o ano passado. Como garotos de até 16 anos não possuem contrato profissional, o assédio vermelho tem obtido sucesso.
Nesta semana, veio o estopim da crise envolvendo Inter e Juventude. O volante Roberto Zulian Junior, 14 anos, conhecido como Vacaria, arrumou as malas e se mandou para o Beira-Rio, seduzido após uma ligação telefônica.
– Eles (dirigentes do Inter) entraram em contato direto com ele. Aí, ele me passou e logo me chamaram para ir lá. Da nossa parte está praticamente acertado, mas o Juventude quer reverter a situação em uma reunião entre os clubes na sexta-feira (hoje) – revelou o pai Roberto Zulian.
Não há na legislação esportiva algo que proíba o assédio a jovens promessas, já que o vínculo de qualquer garoto com os clubes só pode ser feito aos 16 anos, conforme a Lei Pelé. Até essa idade, o atleta está livre. Quem perde é quem descobriu e investiu na formação do jogador. Ganha o antiético.
– É fácil para o Inter pegar o jogador pronto para o nível de competição. Eles convencem a família do atleta e pronto. E nós, que investimos no menino, não podemos fazer nada – lamentou o vice-presidente das categorias de base do Juventude, Ely Scalabrin Junior.
Em 2007, três atletas abandonaram o Alfredo Jaconi para jogar no Inter: um zagueiro de 15 anos, um meia de 14 e um atacante de 17. Este ano, foram mais três: um zagueiro e um volante de 15 e um atacante de apenas 10. Todos foram seduzidos por propostas do colorado e deixaram Caxias do Sul sem o consentimento do Juventude.
– Fizemos um acordo de cavalheiros no início deste ano com Inter e Grêmio para nenhum dos três pegar jogadores uns dos outros. Mas o Inter não está cumprindo o trato – revelou Scalabrin Junior (o trato citado é confirmado pelo Grêmio).
O presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Novelletto Neto, também condena a atitude e chegou a conversar com o presidente do Inter, Vitorio Piffero, sobre a situação:
– O Vitorio me disse que não queria bronca e sugeriu que o Sérgio (Florian, presidente do Ju) convencesse os guris a voltar. Ou, então, se eles não quisessem voltar, disse que faria uma parceria com o Juventude. Ele foi superacessível – declarou.
Scalabrin Junior afirma que a resposta do Inter foi bem diferente:
– Cheguei a falar com o ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho, para tentar reverter a situação e ter os meninos de volta. Mas ele disse que o clube não devolveria os atletas – comentou.
Carvalho, atual assessor de futebol do Inter, confirma o contato e diz que passou o problema para um dos profissionais responsáveis pela base colorada:
– Coloquei ele em contato com o Giscard Salton (um dos diretores). Não conheço todos os fatos, o que me passaram é que esses jogadores foram levados pelos pais. Os dois marcaram uma reunião para ver isso – comentou.
Procurados pela reportagem do Pioneiro na quarta-feira, Salton e o presidente Vitorio Piffero não atenderam as ligações. Carlos Fraga, diretor executivo das categorias de base do Inter, não quis falar sobre o assunto.
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