| 31/03/2008 08h05min
Estava no Olímpico o jogador que Celso Roth buscava para equilibrar o meio-de-campo do Grêmio. Dois anos após ser contratado, período em que não disputou uma partida inteira sequer, o catarinense Rudnei da Rosa, 23 anos, 1m88cm, conquistou finalmente o seu lugar.
Sábado, na vitória por 2 a 1 sobre o Juventude, no Centenário, foi o inesperado substituto do paraguaio Julio dos Santos. Tudo indica que seguirá no time quarta-feira, em Goiânia, contra o Atlético-GO, pela Copa do Brasil.
Em 2006, não havia mesmo como encaixá-lo no time. Segundo volante, o ex-jogador do 15 de Campo Bom concorria com Lucas e Tcheco, o que reduzia quase a zero suas chances de atuar. Ainda assim, foi mantido no grupo.
No início de 2007, desanimado com a falta de oportunidades, Rudnei escorregou na indisciplina, algo que não nega. O passo seguinte foi atrasar-se para alguns treinamentos. Dizia-se, na época, que Leo Lima, hoje no Palmeiras, era seu parceiro de noitadas. Por orientação do técnico Mano Menezes, os dois foram afastados.
– O Leo Lima é famoso, tem mercado. Para você, vai ficar difícil se não se corrigir – ouviu de um dirigente, ao ser informado de que seria emprestado ao Criciúma.
É agora ou nunca, diz Roth
Do clube catarinense, Rudnei quase se transferiu para o FC Zurique. Viajou à Suíça, conheceu a sede do clube, mas não ficou por falta de acerto salarial. De volta a Santa Catarina, foi fixado pelo técnico Gélson Silva como segundo atacante. Marcou sete gols.
No início deste ano, no retorno ao Olímpico, ficou fora da pré-temporada. Só após a saída de Vagner Mancini, em fevereiro, foi requisitado para o grupo principal.
Chamado à sala do diretor de futebol, Paulo Pelaipe, ouviu dele um recado curto e direto:
– Você vai receber uma nova chance. Talvez seja a última. Trate de aproveitá-la – recomendou o dirigente.
Durante um treinamento contra os juniores, Rudnei caiu no agrado de Celso Roth.
– A qualidade técnica dele é de razoável para boa. Mas, acima de tudo, seu biotipo é muito bom. É alto, longilíneo e tem velocidade nos seus movimentos. Era o que estávamos procurando para nosso meio-campo. Nos completou, nos deu equilíbrio – elogiou o técnico.
Roth vai além. Destaca a seriedade do jogador nos treinamentos e aponta uma razão que o faz confiar que não haverá recaída.
– Ele está jogando a vida dele. Sabe que é agora ou nunca.
Rudnei teve um domingo feliz. Pela manhã, após o treinamento, passeou pelo estacionamento do Olímpico, levando no colo a filha Mariah, de um ano e seis meses. No almoço, comeria camarões, para matar a saudade de Florianópolis.
Por influência da catarinense Giane, com quem se casou no ano passado, converteu-se em fervoroso devoto de São Bento. Só nos jogos, por determinação dos árbitros, o jogador deixa de usar a corrente com a imagem dourada de seu santo protetor.
Mas é na mulher e na filha que ele se espelha para obter a completa reabilitação.
– Se não fossem elas, eu não teria dado a volta por cima – acredita.
ZERO HORA
Rudnei credita à filha, Mariah, e à mulher, Giane, sua reabilitação no Olímpico
Foto:
Ronaldo Bernardi
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ZH
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