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 | 29/02/2008 08h43min

Perea aliviado com os primeiros gols com a camisa do Grêmio

Atacante lamenta que o jogo contra Jaciara não tenha sido transmitido em seu país

Luís Henrique Benfica  |  luis.benfica@zerohora.com.br

Os canais de televisão de Cali, na Colômbia, não apresentam programas brasileiros. Até agora, Luz Angela, mãe de Perea, que até domingo se compadecia com os desabafos do filho sobre a falta de gols, ainda não assistiu aos quatro que ele marcou nos 6 a 0 contra o Jaciara, pela Copa do Brasil.

Mas ela já conhece detalhes de como a façanha aconteceu. Quarta-feira, a cada gol, recebia um telefonema do atual marido, que acompanhava o jogo pela internet. 

– Quando liguei, depois do jogo, ela já sabia de tudo. Estava emocionada. E disse ter a certeza de que eu lhe daria esta alegria. Minha mãe é tudo para mim. Criou seis filhos sozinha vendendo frutas – emociona-se Perea.

Ritual de telefonemas

Telefonemas entre a mãe e o filho são um ritual que se repete antes e após cada jogo. Na véspera, Luz Angela recomenda ao filho que evite as divididas mais fortes. E proteja, sobretudo, "as canelas e os joelhos". 

– Ela ainda me trata como um menino. Quando estou em férias, liga todos os dias, para saber se já estou em casa. E isso que já estou casado há oito meses – diverte-se o jogador, que passou toda a manhã de ontem procurando um apartamento para morar com a mulher, Joana.

Nos três anos em que Perea atuou pelo Bordeaux-FRA, os telefonemas de Angela eram marcados pela aflição. Em longos relatos, ela contava ao filho a campanha feita por jornalistas de Cali, que não entendiam suas convocações para a seleção colombiana, apesar de estar na reserva. 

– Ela começava a ouvir rádio às 6h e ficava revoltada com o que diziam de mim. Hoje, pede para que eu trabalhe com seriedade para dar a resposta aos críticos – afirma.

Adaptação a Porto Alegre

Para escapar ao assédio, o mais novo herói da torcida do Grêmio tem evitado sair do hotel em que mora. Ainda mais agora que os gols começaram a surgir. Em Porto Alegre, porém, reencontrou a alegria perdida na França. No Bordeaux, não conseguiu conquistar a simpatia do técnico Laurent Blanc, que fez gol contra o Brasil na Copa do México. Não teve a mesma sorte dos jogadores brasileiros e argentinos, que agradavam ao treinador.

Aqui, tudo é diferente. Com quatro anos de contrato com o Grêmio, Perea já faz planos de trazer familiares para morar aqui. É certo que, entre eles, não estará a mãe, apesar dos fortes laços que os unem. 

– Ela tem medo de avião. Quando eu jogava no Nacional, ia de ônibus de Cali a Medellín para me visitar – diz o atacante.

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