Integrantes do novo governo argentino passaram toda esta quarta-feira, 2, detalhando o pacote de medidas econômicas que será anunciado nesta sexta. Entre as medidas, é considerada certa a desvalorização do peso, sobretudo depois da indicação de Jorge Remes Lenicov, um conhecido opositor do câmbio fixo, como novo ministro da Fazenda.

Lenicov e o governador da província de Buenos Aires, Carlos Ruckauf, como chanceler, eram os únicos ministros confirmados até o início da noite desta quarta-feira (veja quadro). O gabinete ministerial do presidente Eduardo Duhalde, que será anunciado oficialmente nesta quinta, deverá ter uma forte presença de políticos de peso, mas também contará com um punhado de técnicos. A idéia é que o peso político dos ministros garanta o apoio que foi escasso nos governos anteriores.

Além da dificuldade em encontrar uma alternativa que não prejudique os cidadãos e as empresas endividadas em dólar, a nova equipe econômica estuda formas de sair do "corralito" (restrição das retiradas bancárias). No pronunciamento feito logo depois da aprovação de seu nome pela Assembléia Legislativa, na terça-feira, Duhalde enfatizou que a prioridade é evitar perdas para os poupadores e para as companhias com dívidas no Exterior.

A limitação dos saques a US$ 1 mil por mês, para quem possui conta bancária pela qual recebe salário, ou US$ 250 por semana, nos outros casos, foi imposta para conter uma fuga de capitais do país. Entre fevereiro e novembro, as reservas perderam cerca de US$ 20 bilhões. O governo não pode liberar a movimentação bancária porque não tem mais reservas suficientes para manter a paridade (um peso igual a um dólar). A relação entre o dinheiro disponível em pesos e as reservas em dólar do Banco Central da Argentina que sustentam a conversibilidade, caiu de 96,3%, no final de novembro, para 84,7% em 21 de dezembro de 2001, informou a Fundação Capital.

As casas de câmbio permaneceram fechadas em toda a Argentina ontem, e os bancos funcionaram com horário ampliado, mas com as restrições vigentes desde 3 de dezembro. Os argentinos passaram o dia traçando cenários sobre como funcionará o país a partir de amanhã. As estimativas sobre o novo valor do dólar variaram de 1,30 peso até 1,80 peso.