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 | 31/12/2009 15h56min

Produção de café termina 2009 com área plantada menor

Setor cobra controle cambial por parte do governo federal

Kátia Baggio l Arapongas (PR)

Os produtores de café encerram 2009 reduzindo a área com a cultura. Apesar de a produção ser maior do que em 2007, biênio também de baixa, o preço desanima os cafeicultores. Eles esperam mais atitude do governo federal tanto no mercado interno como no controle cambial, para melhorar a remuneração com a produção e a venda do grão.

Nesta parte da fazenda da família Giocondo, em Arapongas, norte do Paraná, o gado ocupa espaço que já foi do café. Outra área tem soja no lugar do ouro verde, como ficou conhecido o grão no Estado, nas décadas de 1940 a 1960. Mas, no mês passado restavam apenas 70 hectares na propriedade. Esta semana o trator está erradicando mais 25.

Em 1940, os Giocondo tinham mil hectares com a cultura. Hoje, as casas abandonadas dos antigos colonos revelam o fim de uma época que deu mesmo muita riqueza ao Paraná. Fábio Giocondo, terceira geração de cafeicultores, conta que ele e o pai estão perdendo o gosto, não pelo café, mas pelo custo e pela baixa remuneração do produto.

– Eu não posso fazer a conta mais olhando que custou tanto, porque quando eu chego no mercado pra vender não está me remunerando o meu custo, muito menos a necessidade que eu tenho de replantar o café, que é a continuidade natural da atividade – conta o cafeicultor.

Um estudo do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná mostrou que desde a implantação do Plano Real até hoje a soja teve 300%, em média, de valorização, enquanto o café não passou dos 32%. Fábio Giocondo diz que este ano vendeu um estoque colhido dois anos atrás por R$ 220 a saca, mas as chuvas nesta safra derrubaram ainda mais o preço.  Mesmo sabendo que 2009 foi o ano de baixa da cafeicultura, os produtores estão preocupados.

Segundo a Conab, este ano o Brasil colheu 39 milhões de sacas de café, índice 9% superior a 2007, o último biênio de baixa. Mas a Secretaria de Agricultura do Paraná divulgou que o Estado perdeu 7,9 mil hectares de área com café. Foram colhidas um 1,4 milhão de sacas. Há 40 anos, os cafeicultores paranaenses colheram 22 milhões de sacas, o Estado era o maior produtor nacional. Os cafeicultores dizem que o preço baixo está encolhendo a cultura.

O último levantamento da Conab também informou que a área em todo o país diminuiu 3,54%, ou seja, os pés foram erradicados, os produtores não têm intenção de renovar as lavouras. Para muitos agricultores, a boa produtividade não vai conseguir compensar a redução de área registrada a cada ano. Para Giocondo, a cultura só será salva se o governo brasileiro controlar o mercado interno e a política cambial.

– A lei de rotulação associada à introdução de novas leis como fiscalização e regulamentação do mercado isso por si só traria melhoria no produto para o consumidor. O governo às vezes sinaliza com oferta de crédito, mas todos nós sabemos que não adianta, se eu estou com uma dificuldade não resolve alongar minha dívida. O que eu preciso é margem de lucro. Onde está limitada a margem de lucro do exportador? Ele tem que cumprir os contratos e na hora de fazer as conversões cambiais ele está sempre com a saia justa. a gente só lida com recuo de câmbio e isso todo mundo sabe, todo mundo vive, isso tem sido crônico.


 

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