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 | 29/12/2009 19h26min

Excesso de chuva prejudica entressafra de cana-de-açúcar

Muitas usinas não vão conseguir honrar os contratos, atrasando a entrega do açúcar e do etanol aos compradores

Atualizada em 29/12/2009 às 20h49min Mariane De Luca | Cosmópolis (SP)

Usinas do centro-sul que optaram por continuar moendo cana nos meses de entressafra estão tendo que mudar os planos. Mais uma vez, o motivo é o excesso de chuva. Muitas unidades não vão conseguir honrar os contratos, atrasando a entrega do açúcar e do etanol aos compradores.

Cosmópolis fica a 140 quilômetros de São Paulo. Quanto mais chove na região, menor é o ritmo de trabalho na usina. Porém, ao contrário do que pode parecer, o problema não está na indústria e sim no canavial.

— O caminhão não consegue entrar na lavoura para colher e o transporte de matéria-prima para. Por isso, não vale a pena colocar a moenda em funcionamento — disse o diretor agrícola da usina, Thiago Barros dos Santos.

O cenário de caminhões e indústria parados não é de hoje. Se forem somadas as horas que a unidade ficou sem moer nesta safra, o resultado é uma quantidade de 62 dias. A média das últimas safras era de, no máximo, 35 dias parados.

A situação atual é reflexo do que aconteceu em julho, agosto e setembro. Choveu o triplo da média histórica no centro-sul do país. De acordo com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) é o maior volume de chuva dos últimos 30 anos no período. Nesses três meses, 60 milhões de toneladas de cana deixaram de ser moídas na região. É por isso que muitas usinas estão tendo que esmagar cana em dezembro, período tradicionalmente chuvoso.

Na região de Cosmópolis, choveu 20% a mais do que o normal ao longo de toda a safra. O excesso de umidade não prejudicou só a quantidade de cana moída, que vai ser 10% menor, mas também a qualidade do produto. Além de ter um custo maior, a usina vai ter que comprar produto de outras unidades para poder honrar os contratos.

— O problema é que os custos deles são os mesmos e o que se obtém de produto é menos. Provavelmente, não vamos conseguir entregar todo o açúcar contratado — explicou Santos.

A Unica previa que 15% das unidades do centro-sul, mais de 50 usinas, continuassem moendo em dezembro e janeiro, época em que normalmente as plantas ficam paradas para manutenção. Porém, como a chuva não para, vai ser difícil manter as usinas em atividade. Nesse caso, a cana que está no campo deve ficar em pé até o inicio da próxima safra. Além disso, aquela que já foi colhida vai ter que ser descartada.

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