| 30/12/2009 15h04min
Enquanto as grandes lideranças não se entendem em relação à preservação ambiental, projetos em pequena escala dão o exemplo. Londrina, no Paraná, está implantando uma cooperativa de recicladores. A ideia é reduzir o despejo de lixo no meio ambiente e garantir o futuro de quem trabalha na atividade. A iniciativa rendeu à prefeitura um prêmio latino-americano pela preservação da água e do saneamento.
Todos os dias, os trabalhadores da reciclagem de Londrina passam de casa em casa recolhendo plásticos, papel e tudo o que pode ser transformado. O que é lixo para alguns, é renda para eles. A cidade gera 400 toneladas de resíduos domiciliares por dia, 35% são recicláveis. Cerca de 520 pessoas vivem exclusivamente da coleta desse material, e agora a prefeitura propôs a criação de uma cooperativa formal para os trabalhadores. A ideia é contratar o serviço para que cada um possa ser registrado através da cooperativa e garantir direitos trabalhistas, como a aposentadoria. É o que Zilda Almeida espera, depois de 11 anos coletando recicláveis na informalidade.
– Na época em que nós montamos as Ongs sempre era passado pra nós que a gente ia ter uma vida boa. E nós não tivemos essa vida boa. Sempre foi caindo, caindo, até que nós chegamos a R$ 160 por mês – conta a recicladora.
Mais de 30 Ongs e associações de recicladores trabalham na cidade, mas por enquanto 17 aderiram à cooperativa. Segundo a prefeitura de Londrina, o projeto é pioneiro por aliar preservação ambiental e integração social.
– Os trabalhadores terão acesso à questão previdenciária, terão acesso a equipamento de proteção individual, terão acesso a galpões com melhores condições de trabalho e dessa forma terão mais produtividade e mais ganho. Além do valor que a prefeitura irá pagar pelo contrato – informa a gestora executiva da coleta seletiva de lixo de Londrina, Marilys Garani.
A prefeitura da cidade paranaense ganhou um prêmio latino-americano pelo projeto de reciclagem da cidade. A premiação foi oferecida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e uma agência mexicana de fomento econômico. O principal mérito do projeto londrinense é a inserção social através do resgate da dignidade de quem trabalha na atividade.
Os trabalhadores também esperam dobrar a renda atual, de R$ 350 mensais, em um ano. Mas, um futuro melhor é a grande esperança da maioria.
– Nossa expectativa até o final do ano que vem é que seja R$ 800 livre. E a gente vai ter o direito do INSS, que hoje é dos autônomos, um benefício que a gente jamais sonhou em ter e que é a dignidade de muitos que já trabalham há nove, 10 anos como catador de papel, que é ter direito a sua aposentadoria – afirma a coordenadora da Cooperativa de Recicladores de Londrina, Simone Cardoso.
O contrato entre a cooperativa e a prefeitura deve ficar pronto no início de 2010. Mas, já existem algumas parceiras. Uma empresa cedeu a prensa; o fardo sai do galpão pronto, o que agrega valor aos materiais. A cooperativa também tem obrigações, como não interromper a coleta, já que a população criou o hábito de separar os produtos. Segundo a prefeitura, Londrina tem a maior média nacional de separação e reciclagem em domicílios, 23% contra 13%. E, para quem acredita que esse é um trabalho duro, a catadoraTereza Graciolli dá a lição:
– Só paro de trabalhar aqui quando Deus me levar. Por enquanto eu estou firme aqui. Estou feliz e reciclando bem.
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