| 28/12/2009 10h52min
No mercado de alimentos orgânicos, as associações de produtores vão além da simples intermediação de vendas.
Além de dar a seus associados orientação sobre o manejo e a venda dos alimentos, elas garantem a certificação dos produtores, que dividem os custos desse serviço.
Os membros da Associação de Agricultura Ecológica (AGE) do Distrito Federal, por exemplo, aprenderam juntos os princípios da produção orgânica. Com 20 anos de atuação, a AGE tem atualmente 17 associados, sendo 12 deles ativos (os que levam produtos para vender nas feiras).
Os associados da AGE só comercializam os alimentos que produzem em feiras. Eles estimam em R$ 15 mil por semana o total vendido pelo grupo. Depois de retirada a porcentagem da associação e dos gerentes de pontos de venda, o valor obtido é dividido entre os produtores.
O gerente da AGE, Marilberto Zavão Lima, diz que não tem dificuldade para vender.
— A dificuldade é ter produto para vender — observa Lima.
Deusmar Alves, produtor do Sítio Mangabeira, que trabalha com orgânicos há 16 anos, conta que aprendeu o que sabe na AGE e que há muita troca de informações com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF).
— Hoje a Emater cresceu muito, abriu muito espaço para o crescimento da agricultura orgânica, mas, no início, a gente tinha mais informações só entre nós mesmos produtores — explicou.
Ela destaca o tipo de auxílio que os produtores recebem da associação e a ajuda que prestam uns aos outros.
— Nosso lado técnico hoje é bastante informal. Quando um produtor tem dificuldade já vem procurar saber com outro o que está certo, o que está errado — diz.
Também filiado à AGE, Jorge Artur Chagas produz orgânicos há 25 anos. Segundo ele, no início, a associação não tinha ajuda do Poder Público.
— Os programas agropecuários são bastante voltados para o modelo convencional, ainda hoje há dificuldade. A venda nas feiras é o ideal para a produção local. O consumidor sabe o que está comendo, conhece o produtor e o sítio — defende Chagas.
O Sítio Gerânio, de Francisco Marcolino, produz orgânicos desde 1988.
— Percebemos a importância do alimento orgânico ao ver os males causados pelo convencional. Entre os próprios produtores, muitos passavam mal de tanto usar veneno, tanto produto químico. Aí, a gente viu a necessidade de não mexer mais com esse tipo de produto — conta Marcolino.
Por motivo semelhante, José Ibaldi, dono da Chácara Santa Cecília, decidiu converter sua produção para orgânicos em 1998.
— Não estava me sentindo bem usando produtos químicos, sobretudo agrotóxicos. Aquilo não estava me agradando, e também aos empregados que trabalhavam comigo, porque me pareceu prejudicial à saúde do pessoal todo — explica o produtor.
Para iniciar a nova atividade, Ibaldi conversou com outros produtores, visitou propriedades e fez cursos na Emater. A empresa reuniu um grupo de produtores para discutir comercialização de orgânicos e daí surgiu a ideia de criar o Supermercado Orgânico da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), em 2001.
Em dezembro do mesmo ano, uma associação de produtores orgânicos começou a funcionar na Ceasa, inicialmente em um estacionamento. Quatro anos depois, eles foram para um galpão e atualmente contam com apoio de um mercado na Ceasa que funciona durante dois dias na semana. As vendas semanais ficam em torno de R$ 15 mil.
Há também barracas que vendem produtos orgânicos em diversos pontos da cidade. Uma delas funciona semanalmente, há cerca de seis anos, em frente ao Ministério do Meio Ambiente, por meio de parceria entre os funcionários e produtores do Assentamento ColôniaI.
Dora Sugimoto, que presidia a Associação dos Trabalhadores do Ministério do Meio Ambiente, conta que a ideia surgiu em 2003, quando fez um trabalho sobre economia solidária com alunos da Escola Técnica de Unaí, a convite da Universidade de Brasília (UnB).
Ela sugeriu, então, que os funcionários agissem como se fossem consumidores. Eles fizeram então uma visita ao assentamento e doaram sementes orgânicas aos agricultores.
— Uns 40 dias depois, eles apareceram com os produtos, e nós pensamos: ‘agora temos que fazer a nossa parte’. Você economiza na farmácia a diferença que gasta num preço mais diferenciado — diz.
Foi daí que surgiu a feira, lembra Dora, que consome orgânicos desde essa época.
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