| 28/12/2009 10h14min
O beneficiamento de produtos orgânicos pode ser uma maneira de abrir novos mercados, diz a empresária Fernanda Kurebayashi, que dá como exemplo as geleias que fabrica em Gonçalves, no sul de Minas Gerais.
A framboesa orgânica plantada na região é uma fruta muito frágil e necessita de uma série de cuidados, como transporte refrigerado, para chegar intacta ao consumidor final. A empresária destaca que, mesmo com tais precauções, as longas viagens acabam gerando perdas que são repassadas ao agricultor.
Porém, ela garante que a geleia orgânica de framboesa chega em perfeito estado a lugares como os Estados do Amazonas e de Santa Catarina e a cidades da França e da Alemanha. Por isso, ela afirma que a associação entre agricultores e processadores, além de agregar valor ao alimento, permite à produção “ultrapassar barreiras”. Fernanda ressalta que, depois de processado, o produto pode ser conservado por até dois anos.
Segundo a empresária, a
exportação de frutas in natura é possível
somente com o uso de grandes quantidades de conservante ou com métodos muito caros de congelamento, o que torna esse tipo de comercialização viável apenas para grandes produtores.
Para Fernanda, a produção orgânica inverte essa lógica.
– Outra vantagem do orgânico é essa, pequenos produtores conseguem ter uma rentabilidade que não teriam trabalhando no modelo convencional – diz.
No caso das geleias orgânicas, cada vidro custa o dobro do produto convencional.
Esse nicho abre espaço inclusive para comunidades tradicionais como os quilombolas de Ivaporunduva, no município paulista de Eldorado. A banana produzida na região é orgânica por tradição.
– Nossos antepassados nunca trabalharam com veneno, desde que fundaram a comunidade – explicou José Rodrigues, que foi duas vezes coordenador da associação dos 35 produtores da comunidade.
Segundo Rodrigues, os quilombolas estão buscando certificação para outras culturas, como mamão, limão e abobrinha, para rotular como orgânicos produtos que historicamente são plantados sem agrotóxicos ou aditivos químicos.
O agricultor diz que a certificação permitirá que a comunidade estabeleça contratos com grandes redes de supermercado, como já está sendo negociado para a produção de banana.
No entanto, ele aponta uma “pequena dificuldade que precisa ser superada": a travessia de um rio, necessária para escoar as bananas, ainda é feita de balsa. De acordo com Rodrigues, essa barreira logo será superada com a construção de uma ponte.
AGÊNCIA BRASIL
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