| 19/11/2009 19h14min
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta, dia 19, que o governo estuda novas medidas para os exportadores, inclusive nos setores que ainda sofrem com os efeitos da crise. A entrevista exclusiva à comentarista Carolina Bahia foi nesta quinta, dia 19, em Brasília.
Câmbio
De acordo com o ministro, há atualmente no país um cenário cambial com menos volatilidade, graças às ações tomadas pelo governo. Mantega acredita que as medidas tomadas foram responsáveis pela estabilização do dólar na casa de R$ 1,70. Se não fosse por isso, avaliou, a moeda norte-americana poderia estar valendo menos de R$ 1,60.
— Nós estávamos sofrendo um fluxo muito forte de capital estrangeiro, principalmente na bolsa e esse fluxo foi atenuado pelas medidas de IOF que nós tomamos. Além disso, esse excesso de dólares no mercado está sendo absorvido pelo Banco Central — explicou.
Para os exportadores, o ministro diz que várias medidas estão sendo tomadas, como a redução do custo de financiamento pré-embarque e pós-embarque do BNDES.
— Estamos fazendo medidas também que reduzem o custo do investimento. Por exemplo, neste ano, nós reduzimos as taxas para aquisição de equipamentos agrícolas, nós conseguimos uma taxa de 4,5% para o Finame, com equalização do Tesouro, portanto o exportador que estiver adquirindo estas máquinas a um preço reduzido terá mais competitividade porque poderá oferecer o produto a um preço menor — concluiu.
Crise
Em relação à economia, Guido Mantega disse que o Brasil terá um dos melhores natais que o país já teve, mas reconhece que alguns setores ainda estão sofrendo o rescaldo da crise, principalmente aqueles que são voltados para a exportação.
— Eu tenho um projeto antigo onde eu gostaria de reduzir o custo da folha de pagamento sem reduzir salário, naturalmente, reduzindo os encargos, que são muito elevados no Brasil. Só que esse projeto foi comprometido pela crise que tivemos esse ano que reduziu a nossa arrecadação e nos obrigou a fazer desonerações. Então esse ano nós procuramos fazer mais desonerações, estimulando o consumo diretamente — explicou o ministro da Fazenda.
Agricultura
Segundo o ministro, a safra de 2009-2010 recebeu o maior volume de financiamento já dado.
— Se não me engano, foram R$ 109 bilhões de volume de financiamento. O Banco do Brasil está trabalhando a todo vapor. Nós criamos essa linha de financiamento para o investimento agrícola, está funcionando muito bem, a venda de tratores está aumentando, mesmo de colheitadeiras, então, eu sei que o setor voltou a empregar. Eu sei que isso se deveu, fundamentalmente, às medidas de redução forte dos juros, medida de criação de um fundo garantidor e essas linhas de crédito que o BNDES tem a partir dos recursos que o Tesouro ta repassando para ele. Então, acredito que o setor está em franca recuperação e o governo continuará fazendo medidas para estimular a sua expansão — defendeu.
Previdência
O ministro explicou que há projetos que aumentam o gasto previdenciário em uma proporção muito grande, que aumentam entre R$ 30 e R$ 40 bilhões em um ano o gasto previdenciário.
— Eu estarei me empenhando pessoalmente para que esses projetos não sejam viabilizados. É claro que nós queremos proteger o aposentado brasileiro e ele, aliás, tem recebido melhorias ao longo do tempo. Por exemplo, aqueles que ganham um salário mínimo têm tido aumentos reais ao longo desse tempo, que a maioria dos aposentados ganha um salário mínimo. Então, são aumentos reais ano após ano que acompanham o salário mínimo. Os demais têm tido a correção monetária.
Mantega defendeu que não se pode imaginar benefícios estratosféricos porque vão quebrar o estado. Ele garante que projetos que implicam em gastos mirabolantes serão vetados e impedidos.
— Eu usarei tudo que for possível para impedir que esses projetos sejam aprovados. Nós só poderemos aprovar algum projeto que implica em custo adicional, primeiro lugar, se esse custo for moderado, de modo que não desequilibre as contas públicas. E em segundo lugar, desde que alcance consenso, porque se não, você faz uma medida, você dá um beneficio e no dia seguinte, de novo, tem gente cobrando outros benefícios que são impossíveis de serem dados — finalizou o ministro.
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