| 18/11/2009 17h34min
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e da Argentina, Cristina Kirchner, criaram nesta quarta, dia 18, um grupo ministerial para buscar soluções para os impasses comerciais que envolvem os dois países.
Os ministros da área econômica dos dois países vão se reunir a cada 45 dias em busca de alternativas para resolver as divergências, a começar pela demora nas concessões de licenças não automáticas para mercadorias de ambos os lados.
Em encontro que tiveram nesta quarta, Lula e Cristina reiteraram que as relações bilaterais devem ser firmadas na parceria e não na disputa.
— O protecionismo não é solução. Apenas cria distorções difíceis de se reverter. O caminho a seguir é do incremento das exportações argentinas e, não, a diminuição das exportações brasileiras — afirmou Lula, no seu discurso.
— Temos de ter inteligência para superar as diferenças com maturidade e racionalidade. É necessário abordar os temas e procurar ajuda para encontrar saídas — defendeu Cristina.
Argentina e Brasil acusam um ao outro de agravar as barreiras na liberação de licenças não automáticas para alguns produtos importados do Brasil pela Argentina e vice-versa. Os argentinos alegam que a decisão brasileira de endurecer na concessão de licenças tem um caráter de retaliação à iniciativa argentina de dificultar a liberação das mesmas autorizações.
A lista de produtos afetados pelo impasse deve chegar a 15 itens e inclui principalmente autopeças, freios e baterias para veículos, no caso do Brasil. Do lado argentino, afeta produtos alimentares e grãos.
A ideia é que, a cada 45 dias, os ministros da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de Relações Exteriores de ambos os países se reúnam para buscar soluções.
— Temos motivos para confiar no progresso da nossa parceria — disse Lula durante o brinde no almoço.
— Precisamos reorientar essas pequenas diferenças. Estamos na mesma região, por isso é necessário esse desenvolvimento [conjunto] — acrescentou Cristina Kirchner.
O impasse em torno da concessão de licenças não automáticas se estende há um ano. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, há mercadorias brasileiras que aguardam até 180 dias pela liberação da licença.
Desde outubro de 2008, a Argentina impõe dificuldades na liberação de licenças para as mercadorias brasileiras. No mês passado, o governo brasileiro resolveu reagir estabelecendo restrições na concessão de licenças para os produtos argentinos.
Durante o almoço, Lula lembrou que o Brasil é o principal mercado para os produtos industrializados argentinos - que representam cerca de 70% das exportações do país vizinho para Brasil. De acordo com ele, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu US$ 31 bilhões em 2008.
AGÊNCIA BRASIL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, no Itamaraty
Foto:
Wilson Dias/Abr
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