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 | 30/10/2009 19h04min

Exploração do pré-sal é empreendimento caro, diz Goldenberg

Ex-ministro da Educação ressaltou a necessidade de cuidado com os danos ambientais

O físico nuclear José Goldenberg afirmou nesta sexta, dia 30, durante o debate Pré-sal e Desenvolvimento Sustentável: Riscos e Oportunidades para os Brasileiros, que o pré-sal oferece ao Brasil a oportunidade de ser um exportador de petróleo, já que não precisa dele para o consumo interno por produzir o necessário e o suficiente para isso.

Goldenberg, que foi ministro da Educação e secretário do Meio Ambiente no governo Collor, enfatizou, entretanto, que os resultados da exploração do pré-sal devem demorar até 10 anos. Além disso, trata-se de um empreendimento muito caro, disse ele.

– O risco de sucesso quando se abre um poço no pré-sal é maior do que quando se abre um poço em terra firme ou em baixas profundidades, mas, além de a exploração ser cara, entra-se no terreno do desconhecido – afirmou Goldenberg, ressaltando que os problemas ambientais ainda não foram equacionados e lembrando que esses estudos nunca haviam sido foram feitos.

Goldenberg destacou que o petróleo do pré-sal é diferente do petróleo da Bacia de Campos, porque tem mais carbono e metano misturados e que, no momento em que se retira o material para a superfície, há aumento de carbono.

– O carbono vai acabar sendo taxado e, por isso, o petróleo do pré-sal é diferente, vai ser mais caro.

Além disso, a exploração pode causar problemas ambientais e o licenciamento nesses casos é complicado e demorado.

– Cada coisa diferente que se faz, faz surgir problemas novos. Espera-se que esses problemas possam ser resolvidos, mas há incógnitas pela frente.

Goldenberg, que também foi secretário do Meio Ambiente em São Paulo, reafirmou que a atividade em torno do pré-sal será muito intensa porque, no caso de São Paulo, por exemplo, será necessário ampliar o Porto de São Sebastião, no litoral norte do Estado, e as estradas que dão acesso à cidade.

– É claro que o entusiasmo por ter mais empregos e mais atividade econômica é muito grande, mas tem que ser moderado e com respeito à atividade ambiental.

Além do cuidado com os impactos no meio ambiente, Goldenberg afirmou que é necessário não desviar a atenção das energias renováveis, que são para sempre.

– O petróleo será exaurido e todo o mal que ele fez acaba ficando lá. Com as energias renováveis, essas coisas não acontecem. Há uma euforia exagerada com o pré-sal. Não se pode voltar as costas para o pré-sal, mas temos que ir com prudência nessa exploração – alertou.

O deputado Antonio Palocci (PT-SP), relator do Fundo Soberano Social que será criado com os recursos obtidos com o petróleo do pré-sal, disse que qualquer governo que entre procurará dar o melhor uso possível a um fundo como esse.

– A nossa preocupação é fazê-lo crescer o máximo possível, no mais longo prazo, para evitar os efeitos negativos que pode ter um recurso de curto prazo, que são os efeitos ambientais, fiscais e cambiais – afirmou.

AGÊNCIA BRASIL
 
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