| 15/10/2009 07h49min
As divergências entre as propostas defendidas pelo Instituto Brasileiro de Petróleo Gás e Biocombustíveis (IBP) e pela Associação dos Engenheiros da Petrobras deram o tom da audiência pública na comissão especial criada para discutir o projeto de criação da Petro-sal que ficará encarregada da gestão dos contratos de partilha na exploração de petróleo da camada pré-sal.
Enquanto o IBP defende a flexibilização do controle do governo sobre as questões que, segundo o presidente do instituto, João Carlos de Luca, podem chegar ao dia a dia da produção, o presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras, Fernando Leite Siqueira, chegou a apresentar a proposta de fim dos leilões. Segundo Siqueira, a Petrobras tem condições e deve explorar sozinha o petróleo do pré-sal como forma de garantir que o “povo brasileiro seja o verdadeiro dono da riqueza”.
– Não há nenhuma razão para se continuar com os leilões. A Petrobras não tem complicação financeira alguma, não tem gargalo tecnológico. Os projetos que o governo enviou ao Congresso Nacional representam um avanço – disse Siqueira, que se posicionou contrário à criação da estatal com o único objetivo de realizar e gerenciar os leilões.
O presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras disse que os projetos representam avanços, na medida em que preveem mudança do contrato de concessão para partilha, que colocam a Petrobras como a única operadora de todos os blocos. Na avaliação de Siqueira outro avanço dos projetos é a criação do fundo social que, além de ser uma poupança para o futuro, ajudará a resolver muitos problemas internos atuais do Brasil. Ele só não considera necessário criar uma estatal para cuidar dos leilões.
– Acho que não deveria nem ocorrer esses leilões – disse.
Siqueira classificou como uma falácia a argumentação defendida pelo IBP de que outras empresas exploradoras de petróleo poderiam contribuir para o aperfeiçoamento tecnológico do processo de produção. Ele destacou o pioneirismo da Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas e o desenvolvimento atual de tecnologias para vencer as baixíssimas temperaturas nas camadas mais profundas das áreas de explorações.
– A vantagem é que a Petrobras tem e é ela que sabe como usar essas tecnologias. Não há gargalo tecnológico que a Petrobras não possa vencer e que as outras empresas podem. Isso é falácia – destacou.
O presidente da associação defendeu uma posição mais nacionalista em relação ao pré-sal e procurou demonstrar a grandiosidade da descoberta.
– Com a descoberta do pré-sal, o Brasil ficou em uma situação muito privilegiada. Abrir mão do controle disso é um erro de estratégia incomensurável – afirmou.
O IBP reúne as empresas que operam no setor de exploração no Brasil, e o presidente da entidade voltou a criticar a decisão do governo de ter apenas um operador para as áreas do pré-sal, no caso a Petrobras. João Carlo de Luca enfatizou que ter um único operador não é bom nem para a própria Petrobras, e que mais empresas atuando nas novas áreas de exploração trariam mais tecnologia para o setor. O IBP é autor de emendas sugeridas aos projetos do pré-sal que defendem ainda o fim do poder de veto da Petrobras no comitê gestor do pré-sal.
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