| 06/10/2009 18h17min
Uma semana depois de o governo derrubar a criação da CPI do MST, a oposição voltou a se mobilizar. Motivados pela última ação do movimento em São Paulo, os ruralistas colhem assinaturas para criar outra comissão de inquérito, com o mesmo propósito de investigar o repasse de verbas públicas aos sem-terra.
Desde o dia 27 de setembro, 350 famílias do movimento ocupam a Fazenda Santo Henrique, no município de Borebi, a 300 quilômetros da capital paulista, e destruíram lavouras de laranja. A propriedade pertence à empresa Cutrale, maior produtora mundial de sucos.
A bancada do Democratas no Congresso passou a manhã desta terça, dia 6, reunida traçando uma nova estratégia para a criação da CPI que vai investigar os repasses de dinheiro público para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A oposição não quer ser pega de surpresa, como aconteceu na semana passada, quando o governo conseguiu que 45 deputados retirassem as assinaturas do pedido de instalação. A estratégia agora é criar uma CPMI mais abrangente, que analise o processo de desapropriação de terras no Brasil e investigar a recente invasão em São Paulo.
– Nós temos uma base que é muito sólida de 168 assinaturas, que são aqueles parlamentares que, mesmo pressionados, não retiraram a assinatura. Não tem nenhuma razão para eles não assinarem de novo. Faltam três. Nós temos mais de 300 deputados que não assinaram. Não é possível que a gente não encontre três em 300 – afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM/RS).
As resistências à criação da CPI Mista continuam. Na tentativa de barrar a oposição, parlamentares ligados aos movimentos do campo ameaçam criar outra CPI para investigar as entidades ligadas aos médios e grandes produtores. Entre elas, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), presidido pela senadora Kátia Abreu (DEM/TO).
– Se você quer investigar o lado dos pequenos, que tem acesso a um volume muito menor de recursos públicos, tem que se investigar o lado dos grandes – argumenta o deputado Nazareno Fonteles (PT/PI).
– Não são com ameaças tolas e desonestas que nós vamos recuar. Essa casa sabe fazer justiça. Onde houver denúncias, crimes, nós vamos averiguar – garante Kátia Abreu.
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