| 08/09/2009 19h33min
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Brasil deve, sim, aplicar medidas de retaliação ao governo norte-americano no caso dos subsídios ao algodão. A autorização foi concedida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) no dia 31 de agosto, mas representantes do governo brasileiro teriam dito que antes de retaliar, era preciso negociar. Essa não é a posição do Conselho de Comércio Exterior da entidade, que se reuniu nesta terça, dia 8, em São Paulo.
Na reunião, cerca de 40 representantes do conselho analisaram as notas emitidas pelos governos brasileiro e norte-americano desde a decisão da OMC no último dia de agosto. Para eles, o Brasil já negociou o suficiente no caso do algodão durante os últimos sete anos. Rubens Barbosa, presidente do conselho, diz que agora que o país está respaldado pela OMC, seria perda de tempo não usar do direito que foi concedido para tomar medidas de retaliação.
— Nós temos todo o direito de aplicar essa retaliação, inclusive porque nós temos muitos outros casos que estão em curso. Alguns deles foram iniciados recentemente, como o caso do suco de laranja. Não teria o menor sentido se agente não aplicasse a retaliação. Para que você vai gastar dinheiro? Vai perder tempo com isso e no final você não retalia — disse o presidente do conselho, Rubens Barbosa.
Entretanto, o executivo fez algumas ressalvas.
— Essas retaliações têm que ser fundadas, baseadas em critérios exclusivamente técnicos, que não haja politização dessas negociações porque isso poderia ter reflexos negativos do ponto de vista do Brasil — acrescentou Barbosa.
O Ministério da Agricultura também apóia que medidas de retaliação sejam tomadas e já enviou uma carta para a Câmara de Comércio Exterior pedindo que seja marcada uma reunião específica para tratar do tema, o mais rápido possível. O Ministério já está avaliando para definir quais produtos devem ser retaliados e que tarifas vão ser aplicadas. O secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, participou da reunião da Fiesp e disse que a prioridade tem que ser para produtos agrícolas.
— Para que esses produtos entrem na lista de licenciamento não automático, ou seja, para poder obter uma guia de importação, não bastaria entrar no sis comex, mas teria que ter uma autorização específica — explicou Porto.
A ideia do Ministério é retaliar produtos de maior visibilidade ao Congresso e à imprensa norte-americana.
— Isso é uma questão de honra quase. Não podemos admitir, depois de vencido o painel, importar algodão dos Estados Unidos. Que tarifa nós fixaríamos? Não sabemos ainda, mas nós estamos pensando em procurar identificar tarifas que os americanos aplicam contra os nossos produtos para usar essas tarifas contra eles. Para dizer: ‘olha aqui você está vendo agora o efeito do que você faz contra mim. Você aplica tal tarifa em etanol ou tal tarifa em suco de laranja ou tal tarifa em açúcar, pois eu agora estou usando essa tarifa contra o seu trigo, contra o seu algodão’ — finalizou o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
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