| 31/08/2009 21h20min
O preço do algodão no mercado internacional pode aumentar até 20%, caso o governo dos Estados Unidos deixe de conceder subsídios a seus produtores. A avaliação é da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), cujo presidente, Haroldo Cunha, afirma que a alta da matéria-prima não seria integralmente repassada aos consumidores finais de produtos em que o algodão é empregado.
— Uma retirada total dos subsídios poderia levar a um aumento de até 20% nos preços internacionais, mas eu não acredito que isso gere uma transferência de preços muito grande para o consumidor final — afirmou Cunha, nesta segunda, dia 31.
De acordo com Cunha, o fim dos subsídios provocaria uma queda da produção norte-americana, vendida a outros países por preços abaixo dos cobrados por outros grandes produtores, graças aos benefícios públicos. Com a queda da oferta internacional, a tendência será de alta dos preços, disse ele.
— Aí, sim, os países mais competitivos estariam à frente, vendendo seu produto a um preço justo — completou Cunha, afirmando que o produto brasileiro teria maior aceitação no mercado internacional.
Para ele, a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) é um importante mecanismo para que o governo brasileiro pressione os Estados Unidos a eliminarem os subsídios proibidos, mas não descarta a hipótese de o governo brasileiro não aplicar as retaliações comerciais autorizadas hoje, usando-as como trunfo em outras negociações políticas.
— Isso é possível, e seria uma decepção muito grande, já que este é um caso emblemático, o de maior repercussão na OMC no setor agrícola. Vamos fazer de tudo para que o governo brasileiro use seus direitos e não deixe esse assunto morrer sem levar nada em troca. A agricultura brasileira tem um potencial muito grande, mas tem que romper várias barreiras, e o dever do nosso governo é trabalhar para isso — afirmou Cunha.
Caso o governo brasileiro opte por não retaliar os Estados Unidos, a Abrapa promete cobrar melhorias para o setor.
— Se o governo brasileiro optar por não aplicar essas retaliações, queremos que haja uma compensação para o setor, [com o governo] promovendo o desenvolvimento tecnológico, nosso marketing, melhoria da logística, controle de pragas, além de outras iniciativas para o setor, para que possamos ser mais competitivos — destacou Cunha.
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