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 | 11/08/2009 18h33min

Tecnologias ajudam no combate a pragas em cultivares da soja

Institutos de pesquisa trabalham para atender necessidades específicas dos produtores brasileiros

Atualizada às 20h44min Katia Baggio | Londrina (PR)

As primeiras lavouras de soja do Brasil foram plantadas na Bahia, em 1882. Mas o grão foi adotado em escala comercial no sul do Brasil, nos anos 1900. As primeiras variedades eram americanas. A primeira cultivar desenvolvida no país foi a doko, oferecida ao produtor em 1980. De lá para cá, foram desenvolvidas variedades de soja com características adaptadas a cada tipo de solo e clima, de praticamente todas as regiões brasileiras.

O produtor Onivaldo Dante, de Cambé, norte do Paraná, planta pelo menos quatro variedades de soja em cada safra. Ele segue critérios técnicos na hora de escolher cada uma.

— São várias características. Além de a produção ter que ser boa, tem que ter bom enraizamento, para não morrer, resistente ao acamamento. E há também a questão de doenças. Existem variedades que ainda dão muito oídio e, como o oídio é uma doença inicial, se a variedade é resistente já é um fator bem importante — diz Dante.

Os institutos de pesquisa trabalham para atender necessidades específicas dos produtores brasileiros, já que, pela sua extensão, o Brasil tem solo, clima e até latitudes muito diferentes.

Há mais de 30 anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) busca na genética a resposta para melhorar a produtividade e aumentar a resistência e a capacidade de adaptação das cultivares.

— Na verdade a soja tem uma adaptação restrita. Quando você lança uma cultivar no mercado, ela tem adaptação a certas faixas de latitude em função do fotoperíodo. Ela responde ao fotoperíodo, ao número de horas de escuro. Então, as cultivares lançadas aqui para o Paraná têm uma adaptação restrita a essa nossa faixa de latitude aqui. Se você vai subir para o Brasil central, para um Estado mais ao norte, Minas ou Goiás, Bahia, por exemplo, elas não vão ter adaptação. Não vão dar porte adequado para colheita mecânica e o rendimento vai ficar muito baixo. Por isso, os programas de melhoramento têm que trabalhar regionalmente conforme as faixas de latitude — explica o pesquisador da Embrapa Soja Antônio Eduardo Pípolo.

A ferrugem asiática, que assusta o produtor desde que chegou ao Brasil, em 2001, também é alvo de muitas pesquisas.

— A gente sabe que a ferrugem tem sido a principal doença na cultura da soja. A partir deste ano, o produtor tem a possibilidade de utilizar uma nova ferramenta. É uma ferramenta que vai acrescentar alguma coisa, não vai substituir nenhuma outra.  Então, não é uma proposta de, por exemplo, a soja inox substituir uma aplicação de fungicida. Muito pelo contrário, ela vai agregar uma tranquilidade e uma possibilidade de controle mais efetivo da ferrugem. Então, esse é um ponto bastante importante que eu acho que vai ser um marco para a sojicultura, principalmente do Mato Grosso, que é o Estado que talvez mais sofra com a ferrugem asiática — completa o pesquisador Sérgio Suzuki.

O combate às pragas também exige atenção dos pesquisadores e produtores. O Paraná está lançando o MIP, um programa de manejo integrado de pragas para reduzir o uso de produtos químicos na lavoura e preservar o meio ambiente. O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) é um dos parceiros no projeto.

— A soja tolera, até a época do florescimento, entre 25 e 30% de desfolha. Então, o produtor não precisa ficar tão afobado em utilizar o inseticida. Muitas vezes, ele faz isso achando que está economizando, mas na realidade está gastando. E pior, ao usar um produto muito cedo, ele interrompe o que a gente chama de colonização de inimigos naturais — conclui o pesquisador do Iapar, Rodolfo Bianco.

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