| 22/07/2009 19h02min
O Plano Safra, anunciado nesta quarta, dia 22, foi bem recebido pelos pequenos produtores. No entanto, o medo de não ter acesso ao crédito ainda assusta a maioria.
O otimismo com os R$ 15 bilhões anunciados divide espaço com a preocupação com a demora na liberação do crédito. O produtor Felipe Leal, de Embu Guaçu (SP), fez um financiamento de R$ 76 mil para investir em uma estufa que pode aumentar em até 10 vezes sua produção de hortaliças. Ele espera uma resposta há quatro meses:
– Uma das dificuldades seria a disponibilidade para chegar até o banco ou à casa da agricultura. Agora está no banco e só falta o banco poder liberar para começar a trabalhar – explica ele.
Para o secretário de Agricultura de Embu Guaçu, Roberto Yamada, a burocracia e a falta de informação do próprio agente bancário ainda comprometem o pequeno agricultor.
– Por exemplo, vai ser liberado crédito, você vai ter liberação do seguro para esses produtores, porém temos que viabilizar a liberação desses recursos de uma forma mais fácil, rápida e prática. Por que? Hoje se o agricultor vai diretamente ao banco, ele tem muita dificuldade para obter esse crédito. Essa é a maior dificuldade: obter crédito. Existe crédito, existe o consumidor, mas existem muitas dificuldades para obter o crédito. É isso que precisa ser ajustado.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse que os recursos do plano estão liberados desde o dia dois deste mês. Mas nem todos os pequenos produtores poderão aproveitar das linhas de crédito oferecidas.
O Estado do Paraná tem 320 mil propriedades na agricultura familiar e, segundo a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado (Fetaep), pelo menos a metade tem dívidas e por isso não deve ter acesso ao novo plano. E não foi só a estiagem do final do ano passado que endividou os produtores. Segundo a federação, o mau uso de créditos anteriores também comprometeu o setor.
O assessor da Fetaep no norte do Paraná, Evalton Turci, diz que em muitos casos o produtor não buscou informação adequada e usou o dinheiro para plantio em solo sem tratamento ou em gado leiteiro se alimentando em pasto pobre. Agora é preciso fazer a lição de casa.
– Nós estamos reunindo a assistência técnica, os setores ligados à assistência técnica, a Emater, os sindicatos de produtores rurais, as cooperativas, as próprias agências bancárias no sentido de que a gente possa fazer com que o produtor acesse o crédito, principalmente na linha de investimento, em cima de uma demanda tecnológica compatível dentro da propriedade dele. Ou seja, ‘vou pegar o dinheiro, mas vou usar ele de maneira adequada’, segundo uma orientação mais efetiva, mais dentro da realidade da propriedade dele, de modo que esse dinheiro realmente venha servir pra ele como instrumento para melhorar a propriedade, para ter melhor rentabilidade, para geração de renda e não para o endividamento – afirma Turci.
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