| 09/06/2009 15h14min
Os reflexos da crise financeira mundial sobre a economia brasileira ficaram mais evidentes de janeiro a março de 2009 do que nos últimos três meses de 2008. A avaliação é da economista do IBGE, Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais, para quem a produção do país retrocedeu ao mesmo patamar de 2007.
De acordo com Rebeca, a queda de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma dos bens e serviços produzidos pelo país – no primeiro trimestre desse ano, em relação ao mesmo período do ano passado, mostra retração mais acentuada de algumas atividades em relação ao desempenho da economia nos últimos três meses de 2008, quando o PIB registrou queda de 3,6%.
— Esse trimestre foi o mais afetado. O PIB teve uma queda na comparação de trimestre com trimestre, o que não ocorria desde o quarto trimestre de 2001. Se você olha o nível de produção, teríamos retrocedido ao mesmo nível do segundo trimestre de 2007 — afirmou a economista.
Embora o cenário de duas quedas consecutivas do PIB possa ser considerado tecnicamente uma recessão na avaliação de alguns economistas, o IBGE questiona o conceito, alegando que a definição é “simplista” e não confiável para analisar a economia brasileira.
— O uso de recessão é um conceito teórico que envolve uma redução da atividade econômica com vários fatores, renda, emprego, vendas, comércio e PIB. Preferimos não nos posicionar. O melhor caminho é uma análise do ciclo, em um período de tempo mais longo — rebateu o coordenador de Contas Nacionais, Roberto Olinto do IBGE.
Pela ótica da demanda, contribuíram para retração do PIB no primeiro trimestre a queda da atividade industrial (-3,1%) e da agropecuária (-0,5%), esta última afetada pela alteração no ciclo de chuvas. Do lado do consumo, a queda histórica do nível de investimentos (12,6%) e das exportações (16%) também influenciou negativamente o resultado.
— Os investimentos têm um comportamento mais volátil. Tendem a crescer sempre mais quando a economia está crescendo e cair mais que o PIB, quando o indicador apresenta queda. É normal — explicou Rebeca Palis, em referência à menor taxa de investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) dos últimos 13 anos.
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