| 26/05/2009 19h11min
O Ceará pode perder a posição de maior exportador de frutas, alcançada nos quatro primeiros meses deste ano. O excesso de chuvas e as más condições das estradas já comprometem 15% da safra.
A fruticultura cearense nunca tinha passado por um período com tanta água. Nos pomares irrigados da Chapada do Apodi, a principal região produtora do Estado, o volume de chuva nos meses de abril e maio atingiu 550 mm, 85% da média histórica para um ano inteiro. O solo raso não suportou a chuva concentrada e as plantações ficaram alagadas.
— Nós estamos preparados para a seca. Quando veio a água em excesso, nosso despreparo foi mostrado — explica o presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel.
Aldair conta que a água atingiu 70 cm do solo nesta área do perímetro irrigado Jaguaribe Apodi. As bananeiras ficaram com as raízes submersas por mais de 20 dias e foi necessário usar um sistema de drenagem para a poça ceder. As perdas diretas na produção de bananas chegam a 30% dos quase mil hectares.
— Por a área estar encharcada, a planta apodrece. Ela vai perder as folhas e, consequentemente, o cacho não vai se desenvolver o suficiente para comercialização — avalia o gerente da Frutacor, Aldair Gomes.
A água acumulada ainda facilita a disseminação de pragas.
— Com relação ao mamão, a qualidade fitossanitária deixa a desejar. Por isso, as exportações caíram — acrescentou Gomes.
Os estragos não estão apenas nos pomares e nas plantações. A chuva destruiu as estradas cearenses e os buracos atrapalham o transporte do que restou da safra. Alguns trechos precisaram ser interditados, em outros a situação é como esta aqui do km 68 da BR 116.
Uma das maiores exportadoras de frutas do Brasil tem pomares no Ceará há 10 anos. Cerca de 90% da produção é voltada para o mercado internacional. Porém, com os efeitos das chuvas nas rodovias, os embarques de frutas frescas da empresa pelo Porto do Pecém precisaram ser reduzidos.
— Os prejuízos que encontramos no momento são decorrentes de logística. A malha viária está sucateada, então isso faz com que a fruta tenha qualidade reduzida. Quando a gente detecta que tem danos por causa do transporte, a fruta é descartada — opina o gerente de empresa Newton Assunção.
Nos últimos dez anos, a participação do Ceará nas exportações brasileiras de frutas in natura passou de 0,6% para 18%. Em 2008, foi o terceiro colocado na venda de frutas para outros países e a receita com os embarques passou dos US$ 131 milhões.
Nos quatro primeiros meses deste ano, o Estado foi o campeão nas exportações, posição ameaçada devido à quebra da safra. Porém, para os empreendedores cearenses, não há motivo para desanimar.
— A importância da fruticultura é muito visível. Atualmente, você não tem notícia de invasão na cidade, você não tem fortaleza inchando, porque nós temos uma base que mantém os agricultores no campo. Vamos voltar àquela velha luta da agricultura: vamos plantar de novo e recomeçar tudo de novo — declarou Euvaldo Bringel.
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