A Organização das Nações Unidas (ONU) e outras agências de ajuda humanitária criticaram neste domingo, dia 30, a maneira como os alimentos estão sendo distribuídos sob a supervisão das forças anglo-americanas no sul do Iraque. Elas alegam que os iraquianos mais fortes pegam a comida às custas dos mais fracos.

Nos últimos dias, centenas de iraquianos foram mostrados nas televisões brigando por caixas de comida enviadas do Kuwait, enquanto os soldados tentavam controlá-los, perto de Basra.

– Queremos ver a ajuda chegar aos mais necessitados de uma forma que garanta a dignidade humana e não concordamos com o fato de apenas os mais fortes conseguirem a ajuda. Isso não se encaixa em nenhum padrão de respeito humano – disse Martin Dawes, porta-voz da Unicef, órgão da ONU para a infância. – Eu não vi ajuda chegar aos hospitais nem um mecanismo para assegurar que as mesmas pessoas não voltem – acrescentou.

Soldados norte-americanos, na tentativa de derrubar o presidente Saddam Hussein, têm avançado rumo a Bagdá pelo centro do país. Mas a maior parte do sul, incluindo a cidade de Basra, não está sob seu controle e é perigoso demais para as agências da ONU e organizações não-governamentais entrarem no país.

Um porta-voz da ONU disse que a distribuição de alimentos não deve ser usada como publicidade em busca de vantagens políticas e sim como meio de alimentar pessoas famintas.

– Parece bonito ver pelas câmeras os soldados dando caixas de ajuda às pessoas atrás dos caminhões – disse David Wimhurst, da agência da ONU que coordena ajuda humanitária ao Iraque (UNOHCI). ˜ Mas as cenas atuais que se seguem são ruins. Isso cria uma semi-revolta. Não dá para saber onde essa ajuda vai parar. Ela pode ser vendida ou simplesmente ficar com os mais fortes.

Segundo Wimhurst, a distribuição de alimentos deve ser organizada, controlada por organizações civis imparciais o mais rápido possível, com o envolvimento de pessoas locais.

– A melhor forma de fazer isso é envolvendo os mais velhos da comunidade e especialmente as mulheres. Elas tradicionalmente cuidam da casa e sabem as necessidades de suas famílias – disse Wimhurst. As informações são da Agência Reuters.