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O Irã qualificou como propaganda as advertências norte-americanas para que o país não interfira na guerra no Iraque. Os iranianos voltaram a afirmar neste sábado, dia 29, a neutralidade no conflito que chamaram de "sem sentido''.
Nessa sexta, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, disse que iranianos armados estão se infiltrando no Iraque, mas serão tratados como combatentes inimigos se interferirem no trabalho das forças anglo-americanas.
– Rumsfeld está fazendo propaganda para encobrir sua falta de sucesso nesta guerra. Não entraremos nessa guerra sem sentido, nem a favor nem contra qualquer dos lados – garantiu o porta-voz iraniano Abdollah Ramazanzadeh.
A acusação de Rumsfeld era uma referência à Brigada Badr, braço armado do Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque, uma entidade de xiitas iraquianos exilados em Teerã.
Apesar de ser atingido acidentalmente por mísseis dirigidos ao Iraque, o Irã vem mantendo um tom neutro no conflito. O líder religioso do país, aiatolá Ali Khamenei, comparou o ataque norte-americano a "uma nova forma de hitlerismo'', mas analistas dizem que as críticas ao "Grande Satã" (os EUA) eram destinadas apenas à audiência interna.
Numa opinião que resume a voz corrente no Irã, o chefe da Guarda Revolucionária, Yahya Rahim Safawi, disse que o presidente norte-americano, George W. Bush, é "um ditador global'', enquanto o iraquiano Saddam Hussein é "um ditador regional''.
O regime islâmico iraniano não tem nenhuma simpatia por Saddam. Entre 1980 e 1988, Irã e Iraque travaram uma guerra que matou cerca de 1 milhão de pessoas. Nesse conflito, Bagdá usou armas químicas contra tropas iranianas.
Mas o Irã também não mantém relações diplomáticas com os Estados Unidos. Elas foram rompidas pouco depois da Revolução Islâmica de 1979, quando um grupo de estudantes invadiu a embaixada dos EUA em Teerã, mantendo 52 pessoas como reféns durante 444 dias.
Irã e Iraque, junto com a Coréia do Norte, fazem parte da lista de inimigos dos EUA que Bush chama de "eixo do mal''. No Irã, é disseminado o temor de que o país seja o novo alvo dos EUA na sua "guerra ao terrorismo''.
As informações são da agência Reuters.
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