| 08/04/2009 10h58min
Os produtores brasileiros gastaram, em 2008, cerca de US$ 5 bilhões na importação de 6,5 milhões de toneladas de cloreto de potássio, uma das três principais matérias-primas para fertilizantes usados no plantio da safra. Esse valor representa 91% do que é consumido internamente. Apesar disso, o governo obteve a garantia de que o país tem a terceira maior reserva de potássio do mundo, perdendo apenas do Canadá e da Rússia.
A diferença é que a reserva brasileira ainda nem começou a ser explorada. Na revelação feita nessa terça, dia 7, pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, ele disse que é preciso "criar uma massa crítica no setor rural em relação a esse assunto para garantir a auto-suficiência". A informação da reserva gigante chegou ao ministro pela Falcon, uma multinacional da mineração.
A empresa disse ter as informações desde 1974, quando foram feitas as primeiras análises pela Petrobras. Stephanes disse que, apesar disso, a estatal brasileira não passou esses dados ao governo, o que, inclusive, teria gerado a reação da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, quando, em uma reunião realizada no ano passado, soube que, além disso, os direitos de exploração da mina tinham sido vendidos à Falcon.
A reserva se estende por cerca de 400 quilômetros ao longo do vale do Rio Amazonas, na divisa do Amazonas em direção ao Pará. De acordo com as pesquisas apresentadas ao ministro, o adubo mineral pode ser encontrado a partir de uma profundidade de 750 metros.
Stephanes disse que uma avaliação detalhada e a decisão de se explorar a reserva devem ser tomadas rapidamente, já que o retorno só virá a médio prazo.
– Depois que se tomar uma decisão, até ter a primeira tonelada, leva de seis a sete anos. Vai decorrer um tempo bastante grande, mas nós temos que começar – afirmou.
Ele disse que, dentro de 15 dias, se reunirá com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para discutir uma política que leve ao aumento da oferta interna de fertilizantes.
Comprovados o tamanho e a viabilidade econômica da reserva, o país teria condições de se tornar auto-suficiente no fertilizante mais importado, percentualmente, pelos produtores brasileiros. A importância da notícia se deve ao fato de a produção mundial estar em quatro países e o comércio ser controlado por apenas três empresas.
– Existe uma cartelização no mundo em relação ao potássio e isso torna o Brasil bastante vulnerável e gera a custos muito altos de produção – ressaltou Stephanes.
Por causa dessa concentração na produção e na comercialização, o preço da tonelada de cloreto de potássio, que no ano passado era vendida a US$ 800, caiu para cerca de US$ 750, enquanto os demais fertilizantes registraram queda de até 50%.
O ministro da Agricultura disse que também há indícios de que haja mais duas jazidas menores próximas à região onde atualmente a empresa Vale extrai os 9% de cloreto de potássio, que não precisam ser importados.
– Com elas podemos sair da produção
de 9% para 25% do consumo interno – disse o ministro.
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