O executivo designado pelo governo do Reino Unido para zelar pelos interesses do contribuinte nos bancos britânicos naturalizados foi diretor de um banco em Liechtenstein acusado de facilitar a evasão fiscal, informa neste domingo o jornal The Sunday Times.

Glen Moreno, que em janeiro foi nomeado presidente-executivo da UK Financial Investments, órgão do governo que administra sua participação nos bancos, foi durante nove anos, até abril de 2008, membro do Conselho de Administração do Liechtenstein Global Trust (LGT).

O LGT, de propriedade da família real do principado, esteve no ano passado no centro de um escândalo fiscal, depois que um ex-funcionário denunciou suas práticas e deu dados sobre evasão fiscal de centenas de clientes, entre eles alguns britânicos.

A revelação do Sunday Times é uma dor de cabeça para o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, que, na semana passada, condenou os paraísos fiscais e pediu mão dura internacional para erradicar a evasão de impostos.

Um porta-voz de Moreno disse ao jornal que, apesar de seu cargo no LGT, o banqueiro "não tinha conhecimento dos assuntos financeiros dos clientes e não esteve envolvido na assessoria ou regras fiscais" de nenhum deles.

Seu papel no banco privado de Liechtenstein era assessorar em estratégias e políticas de investimento, disse a fonte.

Moreno, especializado em bancos de investimento, também fez parte da Fundação Príncipe de Liechtenstein, matriz do outro banco, e recebia cerca de 130 mil francos suíços por ano pelos dois cargos, segundo o dominical.

O executivo também é presidente do grupo editorial Pearson, dono do Financial Times, e antes foi diretor-executivo da Fidelity International e trabalhou 18 anos para o Citigroup.

Sobre a vinculação de Moreno com o banco de Liechtenstein, uma porta-voz do Ministério da Economia britânico afirmou que "não há nenhum indício de que Glen Moreno tenha feito nada de errado, e oferece uma experiência importante ao conselho do UK Financial Investments".