| 05/02/2009 17h52min
Um estudo divulgado nesta quinta, dia 5, em São Paulo, avalia o impacto da agricultura transgênica no meio ambiente e na economia do Brasil. Segundo os especialistas, os efeitos são positivos.
A transgenia é indiscutivelmente uma revolução para a agricultura. A dúvida, ou polêmica ainda, é sobre os efeitos desta tecnologia que começa no campo e vai até a mesa do consumidor. O estudo divulgado nesta quinta pela Céleres Consultoria e pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), tenta provar que, pelo menos ambiental e economicamente, plantar transgênicos é mais vantajoso do que plantar no sistema convencional.
– É vantagem para o meio ambiente, vantagem para os detentores, para os agricultores, para a sociedade. Dentro disso foi bem claro que quem ganha mais é o produtor rural – afirma Ywao Miyamoto, presidente da Abrasem.
O estudo avaliou a situação de três culturas: a soja, o algodão e o milho. Segundo os
especialistas, em termos gerais as lavouras
transgênicas podem reduzir o uso de até 105 bilhões de litros de água nos próximos 10 anos. Assim, sobraria água pra abastecer 2,4 milhões pessoas na próxima década. Isso porque as lavouras transgênicas exigem menos aplicação de herbicidas e consequentemente menos água. Segundo o estudo, os transgêncos economizariam também combustível no campo. Conforme a bióloga Paula Carneiro, essa economia resultaria em menor emissão de gás carbônico.
– Todas estas reduções são muito relevantes, principalmente em função da área plantada. Como quando a gente fala de agricultura tem uma área muito extensa, o cálculo envolve esta área de plantio, então os números se tornam muito relevantes – destaca.
Anderson Galvão, responsável pelo estudo, diz que economicamente o produtor brasileiro deixará de ganhar até US$ 21 bilhões em dez anos se não for ampliada a tecnologia transgênica nas lavouras do Brasil.
– No nosso estudo a projeção para benefícios
econômicos com a adoção da biotecnologia no
Brasil nos próximos 10 anos indica o potencial benefício da ordem de US$ 63 bilhões. É o que a agricultura brasileira pode tirar de proveito com a adoção da biiotecnologia. Porém o que a gente tem observado é que o rítmo atual, na agilidade que a gente tem, na condução da política que controla a biotecnologia, no rítmo atual o produtor cai capitalizar no máximo US$ 43 bilhões.
O estudo foi feito considerando dados de entrevistas com 370 produtores de transgênicos e não transgênicos em quase todo o país. Não foram consideradas questões como política, ciência e saúde, por exemplo.
O custo na lavoura foi uma das vantagens que o produtor de soja Lauro Rieder viu na hora de mudar de sistema. Desde 1980 ele trabalha com soja transgênica no Rio Grande do Sul.
– Eu optei por plantar transgênico por não poder mais controlar as ervas daninhas no convencional. A vantagem é o controle da erva daninha. E a gente não precisa mais fazer aquele manejo de
cultura. Facilita pra gente fazer o plantio
mais cedo e na época certa.
É cedo ainda pra se avaliar os impactos dos transgênicos, pondera Cesar Borges, presidente da Abrange, uma instituição que defende o produção convencional. Além do mais, diz ele, sempre vai existir mercado para o produto não transgênico. E em se tratando de lucro, é mesmo o produtor quem decide o que plantar.
– Os próprios produtores agricolas sabem fazer suas contas. Eles vão pro pro lado que eles acham mais conveniente. Embora a soja geneticamente modificada tenha crescido bastante existem ainda muitos plantadores para a soja convencional e o Brasil lidera o mercado mundial de produção de soja tradicional – diz Borges.
– Dentro da qualidade do grão a gente não pode dizer que a soja transgênica é melhor porque ainda está se fazendo pesquisas. A soja transgênica foi criada a partir da convencional. Não podemos nos desfazer completamente da convencional – reforça o produtos Lauro Rieder.
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