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 | 02/02/2009 18h55min

Desvalorização da taxa de câmbio pode beneficiar exportações do agronegócio

Pecuária e setor sucroalcooleiro devem ser os mais prejudicados em 2009

Renata Maron, São Paulo (SP)

As exportações do agronegócio brasileiro não devem ser tão prejudicadas este ano por causa da desvalorização da taxa de câmbio. Esta foi a conclusão de alguns especialistas do setor, que participaram nesta segunda, dia 2, da reunião do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp.

A previsão é de uma queda de 11% nos embarques, a primeira baixa em 10 anos. Ainda assim, o atual câmbio em R$ 2,30 pode equilibrar a balança, já que o dólar elevado aumenta a receita nos mesmos 11%.

– Para o produtor que recebe em reais, e não em dólar, a notícia é boa, porque teríamos um acréscimo em relação ao ano passado – afirma o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
 
Para o presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, Roberto Rodrigues, o cenário de exportações não vai ser tão ruim se três fatores forem superados:
 
– [Primeiro] o efeito de uma recessão que atingisse os países emergentes na redução da demanda, e portanto dos preços. E segundo, os mecanismos desse neoprotecionismo que vem crescendo no mundo inteiro, na contramão da globalização, na contramão de acordos comerciais e que poderá inibir a formação de mercados. E também é preciso que se considere que o fato de que a oferta de crédito para exportação, o ACC, ainda não é adequado em relação a demanda – destaca Rodrigues. 

– Então você desloca a demanda que existe sobre o Brasil, sobre o produto de exportação brasileiro, para uma outra região do mundo. Eu tenho um certo receio que o sudeste asiático e sul da Ásia vão tender a ficar um pouco assim. É mais fácil para eles combinarem com a China, do que conosco – lembra Guilherme Dias, economista da USP.
 
Para os especialistas, os setores da pecuária e o sucroalcooleiro devem ser os mais afetados no agronegócio em 2009. Além do fator crise, outras questões preocupam: o etanol ainda não conquistou o mercado externo e não virou commoditie internacional, e os pecuaristas alimentam temor em relação ao monopólio dos frigoríficos.

– Essa situação persiste. Há inclusive informações de que alguns frigoríficos não estão querendo pagar um diferencial para o animal rastreado e isso é preocupante, porque é uma condição imprescindível para recuperarmos o principal mercado nosso, que paga melhor, que é o mercado da União Européia – adverte Célio Porto.

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