| 26/01/2009 08h11min
Mesmo a chuva esperada para esta semana não deverá reduzir a gravidade da seca que atinge o sul do Brasil, o Uruguai e a Argentina.
No Rio Grande do Sul, 85 municípios já decretaram situação de emergência, enquanto os uruguaios sofrem com incêndios e os argentinos preveem perdas de US$ 4 bilhões devido às quebras de safra. No Rio Grande do Sul, é esperada chuva mais intensa na quarta.
Enquanto a Argentina sofre com a pior seca em 61 anos, para os gaúchos o grande problema é a má distribuição da precipitação. Em algumas cidades, como Porto Alegre, até choveu mais do que a média histórica para janeiro. Em compensação, na metade sul do Estado a chuva é escassa. Para o meteorologista do 8º Distrito de Meteorologia Gil Russo, o fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Pacífico Equatorial) pode ajudar a explicar a situação.
– Quando isso ocorre, a tendência é de menos chuva nessa região, e mais no sudeste do Brasil – explica.
A crise argentina se tornou intensa em meados de 2008 e pode estar relacionada a outros fatores. Conforme o doutor em Ciências da Atmosfera argentino José Luis Aiello, a grave seca em seu país não pode ser explicada apenas pelo La Niña. Ele aponta fatores como o posicionamento de áreas de baixa e alta pressão atmosférica e fluxos de umidade de uma região para outra como possíveis razões para a situação, que combina a falta de chuva à alta temperatura – como os 36°C de Mar del Plata no fim de semana.
Embora as causas exatas da estiagem ainda gerem especulações, as consequências são claras: graves prejuízos às safras de arroz e trigo, na Argentina, incêndios que se multiplicam pelo Uruguai e dezenas de municípios gaúchos em situação de emergência. Neste início de semana, segundo o CPTEC, a chuva deve avançar pelo Cone Sul e amenizar a seca – mas não o suficiente para reverter a estiagem.
Com os termômetros marcando 36ºC durante o fim de semana, veranistas lotaram a orla da cidade de Mar del Plata
Foto:
Eduardo Di Baia, AP
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