| 13/01/2009 06h56min
Raras vezes nos últimos anos o Cone Sul da América foi atingido por uma seca tão grande como a atual.
No Uruguai, país mais assolado pela estiagem e por ondas de incêndios dela decorrentes, o presidente Tabaré Vázquez suspendeu as férias e decretou situação de emergência agropecuária, anunciando uma série de medidas. Entre elas, a criação de um Fundo de Emergência para compra de 20 mil toneladas de forragem para o gado e a construção imediata de depósitos para armazenar água.
O fenômeno climático atinge aquele país de duas formas. Nas regiões central e oeste, a seca arrasou pastos e plantações de soja e milho. Para piorar, uma praga de gafanhotos atacou as duas lavouras. No litoral, bosques e muitas residências foram devastados por incêndios.
No Paraguai, chuvas registradas desde o fim de semana serviram para atenuar incêndios florestais que têm arrasado a região do Chaco. Em três dias, o número de pontos atingidos pelo fogo caiu de 355 para 88. O Rio Paraguai está tão baixo que as barcaças provenientes do Rio da Prata devem realizar transbordos, no sul do país, para continuar navegando.
Mas é da Argentina que vêm as notícias mais atemorizantes para os brasileiros. O Departamento de Climatologia do Serviço Meteorológico Nacional (SMN) argentino diz que essa é a pior seca em 47 anos no país. As chuvas estão de 40% a 60% abaixo dos valores costumeiros.
O pior reflexo se dá na cultura de trigo, que deve resultar numa colheita de apenas 8,8 milhões de toneladas em 2009, contra as habituais 16 milhões de toneladas. Como a demanda interna argentina é de 7 milhões de toneladas, se a seca persistir, sobrará apenas 1,8 milhão de toneladas para venda ao Exterior (cujo maior cliente é o Brasil).
Os ruralistas argentinos pressionam o governo para declarar desastre agropecuário e retirar as restrições das exportações. As plantações de girassol recuaram 30%, as de milho estão 20% inferiores a 2007 e as de soja, 8% menores.
O Brasil pode sofrer consequências
indiretas da seca nos países vizinhos, mas a estiagem aqui não será tão forte segundo os prognósticos da Central de Meteorologia. Isso porque deverá continuar chovendo, em maior ou menor grau, inclusive nas áreas mais afetadas pela falta de precipitações.
Incêndios atingiram matas no Departamento de Canelones, no litoral uruguaio
Foto:
BERNARDO BLENGIO
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