| 24/06/2008 18h31min
A sede do Parlamento da Argentina foi cercada nesta terça-feira, dia 24, por demonstrações a favor e contra os impostos às exportações de grãos, que há mais de três meses são motivo de conflito entre o governo e o setor rural.
Manifestantes que apóiam as reivindicações do campo e pedem a redução da pressão fiscal sobre o setor montaram um acampamento na praça localizada em frente ao prédio do Legislativo, onde distintos grupos governistas já tinham instalado seis tendas.
Apesar de os acampamentos terem sido organizados por setores opostos e as estruturas ficarem a poucos metros de distância, até o fim da tarde (horário de Brasília) não houve registro de incidentes, embora as concentrações tenham provocado grandes complicações de trânsito no centro de Buenos Aires.
Os manifestantes que instalaram as tendas prometem permanecer no local enquanto o Parlamento debater um projeto de lei impulsionado pelo Executivo com o objetivo de ratificar o esquema de impostos móveis às exportações de cereais estabelecido em março.
Desdobramentos da crise
O fato de o governo ter colocado a medida que originou os protestos do campo para consideração do Legislativo permitiu que a presidente Cristina Fernández de Kirchner retomasse na segunda-feira, dia 23, o diálogo com as patronais agropecuárias.
Após uma reunião entre as partes, os dirigentes rurais disseram que, embora Cristina tenha ratificado as retenções móveis às exportações de milho, trigo, soja e girassol, afirmou que "agora é o Congresso que decide".
A norma impulsionada pelo Executivo começou a ser discutida na segunda por duas comissões parlamentares que voltaram a se reunir nesta terça, e os legisladores calculam que esta instância de debate demandará mais alguns dias.
Entenda o caso
As organizações rurais realizaram quatro greves comerciais e centenas de bloqueios de estradas por todo o país para exigir a suspensão do esquema tributário para as exportações de cereais por considerá-lo confiscatório. Os protestos do campo causaram desabastecimento e encarecimento de combustíveis e alimentos, enquanto o conflito afetou a imagem do governante, cuja popularidade desceu 36 pontos desde que Cristina assumiu o mandato, há seis meses.
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