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 | 24/06/2008 07h10min

Protestos argentinos causam falta de alimentos na fronteira

Restrições para compras em supermercados afetam brasileiros

Marina Lopes  |  marina.lopes@zerohora.com.br

Ainda que os ruralistas argentinos tenham dado uma trégua ao governo e cessado nos últimos dias as paralisações nas rodovias, as conseqüências, como o atraso da chegada de mercadorias, ainda são notadas.

Em cidades fronteiriças, o problema dos hermanos acaba respingando no consumidor brasileiro, que costuma fazer compras no país vizinho.

Em Paso de los Libres, que faz fronteira com a brasileira Uruguaiana (RS), o comércio ainda está desabastecido. Faltou combustível na semana passada, e alguns alimentos somente podem ser adquiridos de forma restrita nos supermercados.

Leite, só duas caixinhas por pessoa. Massa e óleo, apenas uma unidade. As gôndolas dos supermercados argentinos estão repletas de cartazes alertando sobre a restrição. Muitos brasileiros, em razão da diferença cambial favorável, compram vários artigos na vizinha Paso de los Libres. Débora Patrícia Godoy, está deixando de vender em seu negócio em Uruguaiana devido à restrição:

– Compro várias mercadorias aqui (em Paso de los Libres) para revender em uma mercearia que tenho lá (em Uruguaiana). Muitas coisas não dá para levar em grande quantidade, e não vale a pena comprar de fornecedor brasileiro – reclama.

No comércio, a queixa é a mesma. Em uma loja de vestuário adulto e infantil da principal rua da cidade argentina, a vendedora Lorena Maidana afirma que as mercadorias estão demorando o dobro de tempo para chegar:

– Faltam roupas e variedades de tamanho. Cerca de 90% da minha clientela é de brasileiros. Estão reclamando que não têm o que comprar.

Nos postos de combustíveis da cidade argentina, cerca de metade do movimento é de brasileiros, que aproveitam a diferença de mais de R$ 1 por litro de gasolina. Nem o desabastecimento na semana passada fez com que motoristas desistissem de abastecer do outro lado da fronteira.

– Fui a Libres semana passada, e não tinha mais gasolina. O óleo diesel tinha acabado primeiro, comentavam os frentistas. Mesmo assim, aguardei a situação se normalizar – diz o vendedor Douglas Farias.

Marcelo Jardim, gerente de um posto do centro de Uruguaiana, diz que, mesmo com a falta de combustível na Argentina, o movimento não melhorou.

– A diferença é muito grande. O pessoal espera para abastecer – diz.

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