| 27/03/2008 20h01min
Grande parte dos mercados argentinos está restringindo a venda de alimentos básicos para frear o desabastecimento provocado pela greve dos produtores agropecuários iniciada há 15 dias. Cartazes espalhados pelos estabelecimentos anunciam a quantidade máxima de carne, leite, frutas, verduras e ovos que cada cliente pode levar.
O motivo deste desabastecimento é a greve comercial dos produtores agropecuários, decididos a manter a paralisação e os bloqueios nas estradas em protesto contra o aumento dos impostos de exportação determinados pela presidente Cristina Fernández de Kirchner.
A greve, que uniu fazendeiros e pequenos produtores rurais contra a política governamental, é a primeira grande crise enfrentada por Cristina, alvo de duas noites seguidas de "panelaços" em Buenos Aires e em outras grandes cidades do país. A governante se mostrou até agora inflexível, ignorando os constantes apelos ao diálogo lançados por dirigentes de seu próprio partido, o Justicialista (Peronista), por opositores, organizações sociais e até pela Igreja Católica.
Comerciantes temem que a crise do desabastecimento atinja seu auge nos próximos dias, fazendo com que estabelecimentos comerciais comecem a fechar as portas.
– Os produtores têm muitos caminhões parados por todo o país – alertou Carlos Martinez, presidente do Mercado Central de Buenos Aires.
As perdas provocadas pela greve ainda não foram contabilizadas, e devem afetar, além do setor agrário, cadeias de distribuição e venda, empresas de transporte de mercadoria e até companhias de ônibus, que foram obrigadas a suspender 600 viagens em função dos bloqueios realizados pelos piquetes rurais nas estradas.
Na tentativa de amenizar a falta de carne o governo ordenou às Forças Armadas que abatam as cabeças de gado que possuem. Desde que a paralisação teve início o mercado argentino recebeu carne de apenas 2,3 mil bovinos – em situações normais este é o número de animais
consumidos diariamente.
Cargas perecíveis de caminhões parados em estradas bloqueadas na Argentina estão apodrecendo
Foto:
Ricardo Santellán, EFE
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