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 | 23/03/2008 02h03min

Intelectuais chineses criticam atuação de Pequim no Tibete

Grupo quer a presença da imprensa estrangeira e investigadores da ONU

Intelectuais e escritores chineses críticos pediram em carta ao governo que abra conversas com o Dalai Lama, permita o acesso da imprensa estrangeira e investigadores da ONU ao Tibete e abandone a retórica da Revolução Cultural, segundo informou hoje a imprensa de Hong Kong.

- A propaganda divulgada pelos meios de imprensa oficiais tem o efeito de avivar o ódio racial e intensificar a situação, que já é muito tensa - diz a carta, publicada pelo jornal "South China Morning Post".

Essa propaganda é "má para nossa meta a longo prazo de salvaguardar a união nacional", dizem os signatários, entre eles os escritores Liu Xiaobo, presidente da PEN China, grupo internacional que defende escritores perseguidos por suas críticas, e Yu Jie, cujas obras estão censuradas no país.

Após condenar os atos violentos, os intelectuais pediram ao Governo chinês que apresente as provas que diz ter para demonstrar que os distúrbios foram organizados, instigadados e planejados pelo Dalai Lama.

- Sugerimos que convide a Comissão de Direitos Humanos da ONU para que promova investigações independentes destas provas, assim como do transcurso e das vítimas dos fatos, para que possamos mudar a visão e resistir a desconfiança da comunidade internacional - dizem.

Além disso, consideram que o Governo chinês deveria responsabilizar seus próprios funcionários se as investigações mostram que os distúrbios ocorreram devido a uma "injusta opressão" dos tibetanos, mais do que por causa da instigação do Dalai Lama.

Os signatários pediram também às autoridades chinesas que deixem de utilizar uma linguagem "com reminiscências da Revolução Cultural" para difamar o líder espiritual tibetano, pois esta retórica nada mais faz do que prejudicar a imagem internacional da China.

Além de Liu e Yu, assinam a carta o advogado defensor dos direitos humanos Pu Zhiqiang e Ding Zilin, líder das Mães da Praça da Paz Celestial, que agrupa mais de uma centena de famílias das vítimas do massacre de estudantes pelas tropas chinesas em 1989.

EFE
 
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