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Manifestantes invadem hotel que hospeda FMI em Buenos Aires

Chefe da missão chega ao país em meio a crescente resistência a um acordo

Ao pisar em solo argentino nesta segunda-feira, dia 8, o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anoop Singh, sentiu a crescente rejeição às exigências da instituição para conceder nova ajuda ao país. Grupos de militantes esquerdistas o aguardavam já no aeroporto de Ezeiza, onde queimaram bandeiras dos EUA e da Grã-Bretanha. Depois de tentar cortar o trajeto de Singh até a cidade, os manifestantes promoveram protesto no saguão do hotel Sheraton, onde a missão do FMI está alojada.

Depois de tocar bumbos por mais de uma hora e gritar palavras de ordem, como: "somos uma pátria, não uma colônia, fora FMI", os militantes saíram à rua, onde queimaram mais bandeiras dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Não houve incidentes. A polícia reforçou a segurança em torno do hotel. Uma terceira manifestação contra o FMI foi realizada por cerca de 500 pessoas que se identificaram como militantes do Movimento de Trabalhadores Desempregados (MTD) que bloquearam a ponte Pueyrredón e a auto-estrada 9 de Julho Sul, provocando grande congestionamento de trânsito.

A resistência aos termos do acordo começa entre os próprios políticos dos dois principais partidos, o Justicialista (peronista), do presidente Eduardo Duhalde, e a União Cívica Radical (UCR), do ex-presidente Fernando de la Rúa. A razão principal é a exigência de corte de 60% nas despesas provinciais, que implicaria cerca de 350 mil demissões de funcionários dessas administrações.

– A província de Chubut não resiste a um novo ajuste – alertou nessa segunda seu governador, José Luis Lizurume.

A exigência do FMI de eliminação dos bônus com os quais as falidas províncias pagam suas despesas, não pode ser feita de um dia para outro, afirmou. O governo argentino recebeu Singh quase com as mãos vazias. Por enquanto, apenas três assembléias das 23 províncias aprovaram o pacto fiscal e de reforma política firmado com o governo federal há quase dois meses. Sobre as duas leis que o Fundo pretende ver mudadas ou revogadas – a de falências e a de subversão econômica – o Congresso ainda não tomou decisão e alguns deputados, mesmo peronistas, se opõem a votar as alterações pedidas.

O chefe da missão analisará por 10 dias as contas do governo federal e das províncias. A partir do relatório de Singh, o FMI decidirá se fecha ou não novo acordo de socorro ao país. Nesta segunda o governo confirmou nova frente de atrito interno ao aumentar para 20% o imposto sobre exportação de 94 produtos agropecuários, com o objetivo de "estabilizar os preços internos" e arrecadar em torno de 1 bilhão de pesos (US$ 357,14 milhões) anuais. O anúncio do aumento provocou a renúncia do secretário de Agricultura, Gado, Pesca e Alimentação, Miguel Paulón.

 
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