| 31/08/2008 08h57min
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, vai reunir a Corte para decidir que medidas serão tomadas após a confirmação de que ele e outros políticos foram alvos de grampos ilegais. Ele também quer explicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito das gravações.
Reportagem publicada neste fim de semana pela Veja mostra que os serviços de espionagem federais instalaram grampos telefônicos ilegais nos aparelhos de Mendes. Veja atribuiu a ação à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Depois de uma conversa com o vice-presidente do Supremo, Cesar Peluso, Mendes decidiu convocar todos os 10 ministros para discutir o assunto nesta segunda-feira, às 16h. Segundo ele, todos estão "perplexos e chocados" com a revelação dos grampos. Por causa da crise, ele cancelou uma viagem que faria à Coréia, onde participaria de um congresso — o vôo estava marcado para a noite de segunda-feira.
O presidente do Supremo considerou
"um crime extremamente grave" a
interceptação telefônica clandestina e disse que é o caso de cobrar explicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de estar convencido de que o presidente não autorizou os grampos:
— Nesse caso, o próprio presidente da República é chamado às falas, ele precisa tomar providências. Não se trata de uma ação pessoal contra Gilmar Mendes, mas contra um dos poderes da República — observou.
De acordo com informações passadas por um agente da Abin à revista Veja, também foram grampeados o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Álvaro Dias (PSDB-PR), Demóstenes Torres (DEM-GO) e Tião Viana (PT-AC).
Outras vítimas dos grampos foram os ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, e José Múcio Monteiro, das Relações Institucionais, além de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula. Não há detalhes das conversas deles capturadas pelo serviço de
espionagem.
— Estamos voltando a
ver uma prática continuada e reiterada de desrespeito aos termos expressos na Constituição. Temos que repudiar de maneira muito clara. Há descontrole no aparato estatal e a isso precisa ser colocado um termo. Escuta telefônica só se faz mediante autorização judicial, e essa regra precisa ser seguida. Grampear uma conversa rotineira entre o presidente do Supremo Tribunal Federal e um senador líder do Senado e importante autoridade na Comissão de Constituição e Justiça é um crime muito grave. Criou-se uma suspeita geral de que todos estão agindo ilicitamente — declarou o ministro.
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