| 17/04/2008 20h25min
O depoimento do economista Luiz Gonzaga Isaia, 81 anos, diretor da Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), à CPI do Detran reforçou a informação de que a Pensant Consultores arquitetou contratação da fundação pelo Detran.
E mais: foi a Pensant que determinou que a Fatec seria subcontratada pela Fundae.
A principal constatação levantada pela deputada Stela Farias (PT) foi de que a assinatura do contrato entre a Fundae e o Detran se deu no mesmo dia em que a autarquia abriu o processo administrativo para a contratação. Ou seja, o contrato já estava alinhavado antes da conclusão dos trâmites e da manifestação da Procuraodria-geral do Estado (PGE) sobre a legalidade do negócio.
Indiciado pela Polícia Federal (PF) na investigação da fraude milionária na autarquia, Isaia não usou o direito de ficar calado. Fez uma breve fala antes de começar a ser questionado pelos deputados, na qual
salientou que a fundação aceitou o
negócio em função de supostas vantagens.
Isaia falou de muita pressão por parte da Pensant e do desagrado que causou à Fundae o fato de José Fernandes, dono da Pensant, ter se denominado supervisor do contrato. Foi Isaia que assinou o contrato entre a Fundae e o Detran, em 3 de abril.
Ele havia recebido uma ligação de Fernandes no dia 31 de março de 2007 falando sobre o negócio. Em Porto Alegre, assinou, na sede da Pensant, no dia 2 de abril, o contrato em que a Fundae subcontratava a Fatec. No dia seguinte, no Detran, acompanhou a assinatura da rescisão do contrato entre Fatec e Detran e fez o contrato em nome de sua fundação com a autarquia.
Isaia contou que, ao chegar à Pensant, encontrou prontas a procuração para que fechasse o negócio em nome da fundação e também o contrato.
— Entendo que tudo foi feito baseado na credibilidade da Fundae. Esse crédito foi usado e abusado — desabafou o economista.
No dia
em que Zero Hora revelou que Flavio Vaz Netto,
ex-diretor-presidente do Detran e indiciado na Rodin, exige que a base governista na CPI o defenda, o deputado Adilson Troca (PSDB) tentou descaracterizar a afirmação de que o negócio foi fechado antes de o processo administrativo ser aberto. Troca ressaltou a existência de correspondência de fevereiro de 2007 da Fundae para o Detran fazendo a apresentação da fundação. Para Stela, isso não muda o cenário.
— Houve a correspondência anterior, mas o processo adminsitrativo não foi aberto antes — reforçou Stela.
O deputado Pedro Pereira (PSDB) também insistiu na questão das datas anteriores e disse que as declarações de Isaia eram "contraditórias".
Isaía confirmou que a troca da Fatec para a Fundae na elaboração de testes para carteira de motorista foi planejada pelo proprietário da Pensant
Foto:
Marcos Nagelstein
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