| 04/10/2005 08h44min
Cinco policiais militares foram afastados ontem de suas funções, em Porto Alegre, devido às agressões contra torcedores do Inter no Estádio Beira-Rio, na partida contra o Fluminense. O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Airton Costa, disse que utilizou imagens de TV para afastar os policiais. Um deles foi flagrado atirando pedras contra a torcida.
Ainda no domingo, fora afastado o oficial responsável pelo policiamento de jogos de futebol, major Nelson Alexandre Minuzzi. No lugar de Minuzzi, que comandava os PMs no Beira-Rio, assumirá o major João Luiz Abott, que assessorava o gabinete do Comando da BM.
Os afastamentos são temporários, enquanto durar o Inquérito Policial-militar (IPM) que investigará os incidentes no Beira-Rio. O mesmo ocorrerá em Sapiranga, no Vale do Sinos, onde foram afastados três PMs e dois policiais rodoviários que se envolveram na morte do sindicalista Jair Antônio da Costa, 31 anos, na conflagração de sexta-feira.
O coronel Costa qualificou os dois conflitos de "graves e lamentáveis", especialmente o de Sapiranga, que provocou uma morte. Mas ressalvou que são casos "pontuais" e não devem manchar a história da corporação.
- Traz um prejuízo à imagem da Brigada, do próprio Estado. Mas foi um fato isolado. A população pode continuar confiando na Brigada.
Sobre a violência no Beira-Rio, o coronel Costa destacou que ficou "chocado" ao ver as cenas de "agressões totalmente desnecessárias e gratuitas" contra torcedores indefesos. Ele disse que deverá reavaliar o uso de granadas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e de fuzis com balas de borracha em estádios de futebol. Embora não sejam letais, os artefatos provocaram lesões em torcedores.
Os PMs afastados foram defendidos pelo presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho dos Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf). O presidente da entidade, Leonel Lucas, disse que os praças estão estressados com a carga de trabalho e os baixos salários. O comandante Costa respondeu que a BM cumpre a lei, não exige jornadas fora do previsto.
O conflito no Beira-Rio foi avaliado pelo professor de pós-graduação em Ciências Criminais da PUCRS Rodrigo Azevedo, especialista em segurança pública. Ele disse que os PMs deveriam ter identificado e isolado os baderneiros da torcida Camisa 12, que atiravam pedras, e não ter generalizado o conflito.
ZERO HORA