| 28/10/2009 18h27min
Divergências entre governo e oposição podem comprometer a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Campo, que pretende apurar os repasses de dinheiro público ao MST. Nos corredores do Congresso, já se fala na possibilidade de que o início dos trabalhos fique para 2010.
Segundo os governistas, existem outras prioridades para a agricultura brasileira, além de manter uma CPI Mista que, na avaliação da base aliada, tem como aposta o aumento do conflito e não a busca de soluções.
– Eu entendo que a agricultura brasileira precisa de políticas concretas como, por exemplo, trabalharmos o seguro agrícola, mais financiamentos, programas. Esta é a pauta que a agricultura precisa. A oposição está apostando numa pauta de acirramento dos conflitos – afirmou o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT/RS).
– O ponto mais importante do que desviar dinheiro público que poderia ser destinado à saúde, educação ou para assentar quem realmente precisa, e desviar para um movimento? Eu não entendo como ter algo mais relevante, mais importante do que isso – retrucou Ronaldo Caiado (DEM/GO).
Apesar do prazo dado pelo presidente do Congresso, ainda é pequena a movimentação dos partidos para indicar os membros da comissão. Também não há data para o início dos trabalhos. Em meio às indefinições, a base aliada do governo articula um contra-ataque.
O presidente da Frente Parlamentar da Terra, Dr Rosinha (PT/PR) quer ampliar as investigações de repasses públicos a entidades ligadas ao agronegócio. Na mira estão o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).
– Fiz um requerimento solicitando do Poder Executivo qual foi o repasse para o Sescoop e Senar. Mas são 30 dias para responder. De qualquer maneira existe, porque há cobrança compulsória, não é verba de convênio, é dinheiro público.
A coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) classifica a CPI como um instrumento de perseguição política e quer buscar o apoio da sociedade para discutir os problemas da reforma agrária no país.
– Perseguição política dos ruralistas contra a reforma agrária e contra o MST. O MST está sofrendo a terceira CPI em cinco anos. Já foi investigado pela Polícia Federal, Ministério Público e comarcas de cada região e achamos que não há nada para esconder. Essa CPI é ideológica, com cunho eleitoral para criminalizar o MST e os demais movimentos sociais que lutam pela terra , por isso chamamos a sociedade para lutar contra a CPI – disse o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues.