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 | 06/10/2009 09h08min

Miolo compra Almadén e se torna a líder nacional em vinhos finos

Negócio inclui direitos de marca, produção, engarrafamento, distribuição dos produtos e gerenciamento da fábrica e do vinhedo

Atualizada em 06/10/2009 às 20h10min

Um negócio concretizado esta semana promete fortalecer o mercado vitivinícola brasileiro. As vinícolas Miolo e Lovara e o empresário Raul Anselmo Randon, integrantes da Miolo Wine Group, assinaram em Bento Gonçalves (RS) a aquisição da marca Almadén, pertencente à multinacional Pernod Ricard.

Nessa segunda, dia 5, uma comitiva viajou para Santana do Livramento (RS) para visitar a fábrica. A compra da Almadén integra a estratégia da Miolo Wine Group de avançar no mercado de vinhos finos. O negócio inclui os direitos de marca, produção, engarrafamento, distribuição dos produtos e gerenciamento da fábrica e do vinhedo.

Com a aquisição da marca, a Miolo Wine Group se torna líder no mercado nacional de vinhos finos, e terá uma produção total de pelo menos 12 milhões de litros a partir de 2010. Com isso, deverá ultrapassar a da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves, que deve obter 11 milhões este ano. A Miolo também passa a ser o maior proprietário nacional de vinhedos próprios, com 1.150 hectares, todos de uvas viníferas produzidas no sistema vertical.

Dobrar a participação é a meta para 10 anos

A Pernod Ricard preferiu não entrar nos detalhes que envolveram a negociação nem sobre o que teria motivado a venda. Em nota, o presidente da Pernod Ricard Brasil, Bryan Fry, garantiu que a Miolo dará continuidade ao trabalho que é realizado atualmente na unidade de Livramento.

– O fato de a Miolo ser uma empresa nacional focada e consolidada em vinhos finos nos assegura que a marca se tornará ainda mais forte, crescendo em todo o país – disse.

De acordo com Marcelo Toledo, CEO da Miolo Wine Group, a aquisição antecipa em seis anos a meta traçada no planejamento estratégico da empresa para 2018. Para os próximos 10 anos, o objetivo é duplicar a participação da Almadén no mercado brasileiro.

Deverão ser investidos inicialmente R$ 12 milhões em marketing, vinhedos, mecanização e tecnologia, além da modernização da estrutura de enoturismo. A empresa irá manter os 106 postos de trabalho diretos e, à medida que for aumentando a operação, deverá gerar novos empregos.

O negócio também comprova o apetite da Miolo para avançar no mercado de vinhos finos e na qualificação de seus produtos. Em 10 anos, foram investidos cerca de R$ 120 milhões.

Sinal positivo de entidades

Para as entidades ligadas ao setor, a aquisição da marca Almadén pela Miolo Wine Group é vista com bons olhos. O presidente da Câmara Setorial da Uva e do Vinho, Hermes Zaneti, destacou que o grupo, por ser brasileiro, tem melhores condições de se colocar no mercado nacional, competindo principalmente com os vinhos vindos de fora.

O presidente do Instituto Brasileiro do Vinho, Denis Debiasi, disse que é cedo para medir os reflexos do negócio, mas é um bom sinal perceber o interesse das empresas em explorar o seu potencial.

– A afirmação de uma nacional adquirindo uma internacional deve ser saudada como algo importante. É a crença do setor brasileiro no futuro da uva e do vinho – avaliou Zaneti.

Impacto sobre o preço da uva

Com a criação de um grupo maior, uma preocupação que pode surgir para os produtores de uva seria o preço pago pela matéria-prima. Para Hermes Zaneti, não haverá repercussão negativa para os produtores.

O coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, também acredita que isso não deva ocorrer, principalmente porque, na última safra, as vinícolas que mais honraram o pagamento pelo preço mínimo da uva foram as grandes.

– A empresa não vive sem o produtor, e o contrário também é verdadeiro. As que compraram maior volume este ano cumpriram, com algumas exceções, com o preço mínimo – afirmou.

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