| 10/08/2009 09h24min
Com cerca de 30% da safra de soja ainda por vender, os gaúchos estão se beneficiando da gula chinesa. Compras maciças do país do dragão sustentaram os preços do grão no primeiro semestre.
Sem sinais de perda de apetite neste início do segundo período do ano, esses negócios ajudam a compensar o efeito do câmbio sobre o valor da saca dentro do país.
– As compras da China para fazer estoque continuam em ritmo muito bom. Até agora, não vimos sinais de redução – testemunha Fernando Muraro, analista da Agência Rural.
Além dos armazéns chineses, a atividades dos fundos financeiros no mercado de produtos agrícolas e a incerteza sobre a safra americana têm mantido o preço do bushel (27,21 quilos) em Chicago na faixa de US$ 12, depois de um período em que a cotação patinou entre US$ 9 e US$ 10, relata Muraro. Em julho, lembra o analista, chegou a haver problemas logísticos nos portos da nova locomotiva da economia global por conta do excesso de movimentação de navios graneleiros. Dificuldades para eles, boas notícias para os produtores gaúchos.
– A China é o maior comprador mundial, é nosso principal mercado. Além deles, a Europa e o Oriente Médio estão mantendo um bom nível de compras, o que ajuda a sustentar o preço – acrescenta Claudio Azevedo, gerente administrativo da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul.
Com um olho no Oriente, o outro se dirige para o Norte, já que os próximos 30 dias serão cruciais para a definição da safra de soja nos EUA. Embora os sinais disponíveis até agora sejam de colheita farta, ainda será preciso definir se será ótima, boa ou apenas razoável, pondera Antonio Wünsch, presidente da Cooperativa Central Agroindustrial Noroeste.
– Este ano, a venda no Estado foi até mais rápida do que no ano passado, para aproveitar o preço e por falta de outras linhas de crédito. Mas ainda há um bom número de produtores que pode se beneficiar dessa alta, o preço deve subir mais – avalia Wünsch.
A recuperação nas bolsas, tanto nas de valores quanto nas de mercadorias – caso de Chicago – também colaborou para voltar a puxar os preços da soja. Se não estão no auge de US$ 16 a US$ 17 por bushel, como no ano passado, ao menos representam recuperação. E essa reação é ainda mais importante num período em que o real ganha valor frente ao dólar.
Como a safra americana no próximo mês deve continuar sendo uma “completa incógnita”, na avaliação de Muraro, e os estoques nos Estados Unidos também estão baixos, a presença dos chineses do outro lado do balcão é que garante um certo otimismo para completar a comercialização da safra deste ano.
– Se a China continuar comprando, o preço vai continuar bom – aposta Wünsch.
ZERO HORA