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 | 21/07/2009 19h30min

Indústrias de couro tentam aquecer vendas

Exportações foram prejudicadas pela crise econômica mundial

Atualizada às 20h26min Cristiano Dalcin | Portão (RS)

As indústrias de couro estão tentando aquecer as vendas para o mercado externo. As exportações foram prejudicadas pela crise econômica mundial. A comercialização no primeiro semestre não atingiu US$ 500 milhões. O valor é menos da metade do que as indústrias conseguiram no mesmo período do ano passado.

Os efeitos da crise atingiram em cheio uma empresa de Portão, na região metropolitana de Porto Alegre, que exporta para mais de 40 países. A redução nos pedidos começou ainda em 2008.

— A partir de setembro, houve uma grande queda na demanda internacional pelo produto couro e não só pelo produto couro, por todos os produtos — diz o empresário Leugenio Alban.

Os maiores clientes do couro brasileiro são a China, Hong Kong, Itália e Estados Unidos. O setor movimentou US$ 1,8 bilhão no ano passado. Entretanto, a cotação do couro caiu muito.

Em junho de 2008, as peças de couro acabado eram vendidas por US$ 99. Um ano depois, o preço despencou para US$ 61 por couro. A queda do wet blue, a chamada serragem do couro, foi ainda maior. De US$ 51 em junho de 2008 para US$ 26 no mesmo mês de 2009.

— Nós fizemos um trabalho interno muito grande. Não tivemos, graças a Deus, de reduzir o quadro funcional. Fizemos uma série de adaptações — acrescenta Alban.

A queda no preço do couro derrubou o faturamento das empresas. Porém, o setor está otimista com a recuperação do volume exportado que se aproxima dos números do primeiro semestre do ano passado.

Foram 166 milhões de quilos vendidos para o exterior nos primeiros seis meses de 2008. Em 2009, 151 milhões de quilos, o que significa uma queda de 8%.

— Nós temos tentado sensibilizar o governo para mostrar que é um setor que emprega mão-de-obra e que o couro processado, o couro acabado, rende quatro vezes mais que as matérias primas, do que as commodities, como o couro salgado e o couro wet blue. Infelizmente, nós temos tido pouco sucesso. Bem que o setor mereceria, pela agregação que tem de mão-de-obra, mereceria um tratamento especial, como tiveram os automóveis, com redução de imposto, qualquer coisa que fizesse nesta área o setor exportador iria dar de retorno com grande vantagem ao governo — conclui o presidente da Associação da Indústria de Curtumes do Rio Grande do Sul, Francisco Gomes.

Quem trabalha com o mercado interno também busca maneiras para sair do vermelho. Em uma empresa de São Leopoldo, 90% do couro processado vai para as fábricas de calçados do Brasil. Para recuperar o volume de vendas e o faturamento, a aposta é na criatividade.

— O mercado internacional acabou refletindo dentro do mercado brasileiro. Então, o que nós estamos fazendo para tentar superar este problema é criar novas opções para nossos clientes no mercado interno, de artigos novos, e também, o preço do couro caiu bastante em relação ao ano passado. Então, hoje, a indústria calçadista, no mercado interno, pode usar nas suas coleções, muito mais couro do que no ano passado — finaliza o empresário Sérgio Panerai.

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