| 06/07/2009 17h51min
Lideranças do setor rural querem uma política de preços mínimos para a cana-de-açúcar. De acordo com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), se o governo não atender ao pedido, milhares de agricultores de todo o país ficarão endividados, como os de Minas Gerais, que querem a prorrogação do prazo para quitar débitos com o BNDES.
Nos últimos cinco anos os produtores de todo o país receberam incentivos federais para produzir cana destinada a fabricação de álcool. As lavouras cresceram e a produção nas usinas aumentou em média 15% no período. Mas agora o setor amarga perdas com os baixos preços pagos pelo produto. A tonelada de cana está cotada a R$ 38,40 no Centro-Sul e a R$ 48 no Nordeste. No entanto, os custos operacionais passam de R$ 47 nas duas regiões.
— Os produtores de cana fizeram investimentos, plantaram a cana, quando o preço estava em torno de R$ 50, R$ 55 e está colhendo com preço de R$ 38,00 e acaba se tornando uma atividade inviável — diz o assessor técnico da CNA, José Ricardo Severo.
Segundo a CNA, como a cotação do açúcar está melhor no mercado internacional, a tendência é de que muitas usinas parem de produzir álcool. Porém, 20% das indústrias são apenas destilarias. A confederação tenta conseguir com o governo uma política de preços mínimos para a cana, garantindo renda ao agricultor.
A intenção é evitar que esses produtores fiquem endividados como aconteceu com os agricultores de Minas Gerais, que tentam agora prorrogar junto ao BNDES o prazo para pagamento das Operações de Investimento que vencem este ano. São mil produtores mineiros com uma dívida total de R$ 230 milhões.
— Pelo menos até os preços voltarem a níveis normais que para a safra 2010/ 2011, a gente espera que os preços praticados pela tonelada de cana seja melhor. Então, eles vão poder voltar a cumprir as suas obrigações com os agentes bancários — diz Severo.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reconhece que uma cotação melhor do produto é a única saída para o setor a sair da crise.
— O que a gente sabe é que a crise financeira se soma a uma crise de preços que tinge duramente a uma parte deste setor. Eu acho que a renegociação está acontecendo naturalmente com o próprio sistema. E a melhor saída para isso são os preços mais altos. A gente só vai sair dessa crise quando houver uma melhoria no preço do açúcar, do álcool e da bioeletricidade — concluiu o presidente da Unica, Marcos Jank.
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